ATENDIMENTO EM GRUPO NA TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

Solange Maria Rosset

Outubro de 1990.

 

1. BASES DA TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA PARA A TERAPIA DE GRUPO

     Alguns pressupostos básicos da TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA fundamentam e justificam a terapia de grupo:

     - Nenhum indivíduo vive isoladamente. Suas facilidades e dificuldades são sempre em função do seu sistema de relação.

     - A Matriz de identidade do indivíduo é a família. A terapia de grupo possibilita retomar experiências familiares, bem como, completar aprendizagens não realizadas na família de origem.

     - Ao longo da experiência o indivíduo deverá aprender lidar com os dois aspectos básicos das relações: o PERTENCER e o SEPARAR-SE, nas suas mais variadas modalidades de níveis.

     - O indivíduo sempre escolhe tudo na vida. O que varia é o nível de consciência que tem das suas escolhas.

     - Os níveis de vitalidade e energia variam de indivíduo para indivíduo, de sistema para sistema e de momento para momento. Aprender a ter consciência e autonomia na regulagem do seu nível de energia ajuda o indivíduo a alterar seu padrão de funcionamento.

     - A prioridade da Terapia é a mudança e a aprendizagem de novos padrões de relação.

 

2. INFLUÊNCIAS

     O trabalho com Grupos na TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA sofre as mais variadas influências, por exemplo: da Gestalt, do Pensamento Oriental, da Psicanálise, da Neurolinguística entre outros. Mas as influências mais significativas vem do Psicodrama, da Terapia Corporal e da Terapia Sistêmica.

     Do Psicodrama: As teorias do Desenvolvimento; proposta básica da Relação Terapêutica; o trabalho focado no aqui e agora; a noção de contextos; a noção de níveis; o instrumental técnico.

     Da Terapia Corporal e de Energia: a compreensão energética dos seres vivos; a teoria de desenvolvimento do caráter; a compreensão de Caráter; o arsenal técnico.

     Da Terapia Sistêmica: a leitura sistêmica das situações; a postura básica de que a responsabilidade do processo é do cliente; o foco na mudança; as intervenções sistêmicas; o uso de tarefas.

 

3. POSTURAS BÁSICAS DA TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

     Acreditamos que todo ser humano, por mais comprometido que esteja no momento, tem um núcleo de saúde, com o qual o terapeuta deve se ligar para facilitar a caminhada que o cliente tem para fazer. No trabalho terapêutico em grupo, através da vinculação dos núcleos de saúde dos vários participantes, facilita aos indivíduos se fortalecerem através da troca, do compartilhar, do experimentar.

     Com relação ao nível de consciência das próprias escolhas, o grupo auxilia cada pessoa, através do espelhamento, das experiência (de vida e as realizações da sessão) compartidas.

     No trabalho em grupo, aparece, com mais clareza, os traços de caráter da pessoa, possibilitando identificá-los e instrumentá-los com mais abrangência do que nas sessões bipessoais.

     A estrutura do grupo possibilita que cada cliente seja trabalhado com o que é possível fazer no ponto do processo em que se encontra. Isto, porque sempre haverão aspectos de cada pessoa que estará tão desenvolvido quando a outra pessoa, ou mais desenvolvido ou menos desenvolvido.

     Através da circulação, todos se beneficiam, recuperando o processo de crescimento.

     O processo grupal estimula o indivíduo a recuperar e/ou desenvolver suas posturas de autonomia e responsabilidade. Como acreditamos que este é um dos objetivos da terapia, vemos que o grupo é mais funcional, nestes aspectos, do que a terapia bipessoal que facilita a independência.

 

4. INDICAÇÕES

     Existem inúmeras razões que justificam a terapia em grupo, as quais podem ser englobadas em indicações básicas:

     - Quando é necessário reprocessar o grupo primário (famílias) interiorizado e repetido nas relações.

     - Como laboratório de vida, para o treinamento de atitudes e posturas que precisam ser mudadas e levadas para a vida do dia a dia.

     - Para a mobilização de afetos, emoções, posturas que necessitam vir à tona.

     - Para possibilitar o trabalho com níveis mais profundos da estrutura emocional, que necessitam de um nível de circulação de energia.

 

5. FUNCIONAMENTO

     Os grupos são estruturados de acordo com o seu objetivo específico e de acordo com as possibilidades/disponibilidades dos participantes.

     As sessões podem ocorrer toda semana, a cada quinze dias ou uma vez por mês, sendo que os grupos de mobilização terapêutica são planejados de acordo com a demanda.

     Os grupos podem ser abertos (entram e saem elementos) ou fechados (sempre os mesmos participantes). Na medida da indicação terapêutica as sessões grupais podem ser complementadas com sessões individuais. O trabalho é focado nos aspectos pertinentes do processo de cada elemento do grupo, e as tarefas podem ser grupais e/ou individuais.

     Nos grupos de Adolescentes e de Crianças, um do focos do trabalho é possibilitar um espaço para compartilhar, complementando o trabalho da família, possibilitando um espaço para viver e aprender.

     Os grupos de mobilização terapêutica são destinado a pessoas que estão em processo terapêutico. O foco é a mobilização de vivências e conteúdos, e é um espaço intermediário entre a sessão individual e as sessões de grupo.