Brigas em família

Solange Maria Rosset

Dezembro de 2013

 

Alguém me perguntou porque se briga tanto em família. Achei que o assunto valia uma boa reflexão!

O espaço familiar é onde as pessoas se sentem com mais permissão para exercer seus direitos, e entre esses direitos está o de expressar o que de pior existe em si. Os piores comportamentos, ações e reações de que somos capazes nós os realizamos em casa. Neste sentido, em família pode quase tudo. Mostrar-se como não se mostra no social, fazer o que é “ feio” fazer fora de casa, “ vomitar” o que se segura na rua. Em público nos comportamos melhor do que em casa.

Existe uma metáfora interessante sobre relacionamentos/brigas familiares que mostra bem como acontece e que bom uso se pode fazer da convivência familiar. É a metáfora da pedra rolada, que é aquela pedra que é completamente lisinha e arredondada em toda sua superfície. Ela não surgiu assim. Inicialmente era uma pedra tosca, cheia de entrâncias e rebarbas. Ela só ficou lisinha após muitos e muitos embates com todas as outras pedras que conviveu. Assim é o burilamento que sofremos na lida familiar. Aos poucos, vamos perdendo as arestas, ficando mais brilhantes e lisos. Mas, só se tivermos outros – nossos familiares – para chocarem-se conosco, e irmos nos lixando em conjunto.

Pessoas enxergam as coisas de modo diverso e tem diferentes expectativas. As brigas em família possibilitam que isto seja uma checagem de construção das opiniões pessoais com o que é importante para o outro.

Se olharmos as brigas com uma visão linear, ficaremos preocupados com riscos relacionais, com a preocupação de que todos devem ter opiniões semelhantes, e que brigar coloca em risco as relações. Mas, se olharmos sistemicamente podemos ver as possibilidades de crescimento que surgirão através das brigas e das checagens das diferenças.

Além dos aspectos negativos das brigas, vale a pena olhar estas outras possibilidades.