Brigas na Família e no Casal

Solange Maria Rosset

Fevereiro de 2016

 

Após terminar de escrever o livro com o mesmo titulo deste texto, comecei a ouvir opiniões e colocações muito variadas e interessantes sobre o assunto.

O que mais me chamou a atenção foi que a maioria das pessoas acha, sente, pensa que briga é uma coisa só ruim!

Todas as reflexões que permearam a construção do livro voltaram neste momento. E gostei mais ainda de tê-lo escrito!

O registro que as pessoas têm se cristaliza no lado negativo das brigas, e com isso, elas ficam impedidas de enxergar as outras possibilidades relacionais que podem surgir se brigassem. Esse registro certamente, foi construído nas famílias de origem, pelas dores vividas, mas também porque seus pais e outras pessoas próximas, também não tinham uma visão otimista sobre brigas e brigar.

Ler este livro pode não fazer diferença, mas lê-lo com a disponibilidade de refletir e rever conceitos pode auxiliar pais e educadores a reformular as noções que passam para as crianças e adolescentes. E desta forma, todos podemos ousar brigar para aprender a brigar; aproveitar a briga para aprendermos sobre nós e sobre os nossos companheiros relacionais; podemos através das brigas manter e desenvolver nosso afeto, compaixão e respeito para com aqueles que convivemos.

Na abertura do livro uso a frase “Aprender a atacar os problemas sem atacar as pessoas é a base da inteligência emocional e de relacionamentos saudáveis”; entender isso e treinar separar o que é o problema do que é a  pessoa, é certamente um bom começo para alterar a crença negativa sobre brigas.

A briga pode ser elegante, isto é, ética, criativa e leve. Instrumentar-se para ter brigas leais, é aprender a brigar elegantemente. Acreditar que se pode brigar sem destruir o opositor abre caminhos para aprender a colocá-la em prática sem machucar ou acabar com o outro.

Também pode ser construtiva, isto é, usar a briga para se conhecer, para aprender, para conhecer o relacionamento, para aprender sobre seu funcionamento e o funcionamento dos outros envolvidos. É o desenvolvimento de uma habilidade cooperativa, como uma dança. É uma proposta que, paradoxalmente, conduz a uma harmonia maior entre as pessoas.

Acredito que essa mudança é possível, e que fará diferença na harmonia dos relacionamentos, e por conseqüência na melhora do mundo.