Casal, família e questões de espaço

Solange Maria Rosset

março de 2021

 

Viver bem, juntos - como casal, como família ou outras relações - pressupõe conversar, contratar ou resolver questões de espaço. Seja espaço físico, seja espaço emocional, energético, interno.

Muitas vezes os especialistas fazem uma relação metafórica entre o espaço concreto e o espaço relacional e emocional; e muitas vezes, usar esta metáfora pode ser muito útil como ponto de reflexão para as aprendizagens e mudanças que o indivíduo ou a relação está precisando experimentar. No entanto, mesmo num nível concreto, conversar sobre as dificuldades conjugais ou familiares de lidar com o espaço, trará muitas possibilidades de enxergarem o padrão de funcionamento que cada um tem, e é uma forma de averiguar novas possibilidades.

Uma coisa é certa: dependendo de como aprendemos e lidamos com o espaço na nossa família de origem vamos ter maiores ou menores dificuldades na nossa vida adulta e de relacionamentos.

Seja no âmbito bem concreto (organizar seu espaço físico; aceitar limites no espaço físico do outro; respeitar os desejos de limpeza e organização que o outro tem; incômodos ou acertos no compartilhar cama, quarto, banheiro, guarda-roupas) seja no ângulo relacional (direitos ou não de ter amizades pessoais; forma de aceitar ou criticar necessidades e crenças individuais dos outros; necessidade ou desejo de ter espaço pessoal seu ou do outro; necessidade ou desejo de ficar sozinho), seja interno (obrigação ou aceitação de contar/não contar suas coisas – desejos, pensamentos, sentimentos; individualidade e privacidade são importantes, ou são dolorosos; e todos os outros “tem quês”  que cada um tem.

Quanto mais se conversa sobre isso num relacionamento, quanto mais se contrata e recontrata acertos, direitos e deveres, mais leves ficam as questões de espaço, concreto, relacional e interno, e mais a pessoa aprende a se colocar, a não ter medo de ser rechaçada, a respeitar seu tempo e espaço e dos parceiros também. E certamente será uma pessoa mais agradável nas relações.