Como lidar com ciúme nos relacionamentos
Solange Maria Rosset
agosto de 2024
Alguns especialistas em relacionamentos dizem que o ciúme pode ser positivo e necessário.
- Pode ser a consciência de uma distância ou de uma interferência numa relação de compromisso.
Em geral aparece quando se sente que o parceiro não está tão ligado como se gostaria.
Então, é uma indicação de que alguém ou alguma coisa se interpôs entre os dois e os laços ficam mais frágeis.
- Também pode ser entendido como um sinal de alerta. Uma espécie de "luz vermelha" a indicar que algo está falhando. Seja em um ou no outro, seja na relação, algum distanciamento é denunciado pelo ciúme.
As vezes acontece quando a fantasia do “amor romântico” começa a ruir.
- O sentimento pode ser benéfico sobretudo se ocorre em uma união consistente e provoca um comportamento de aproximação dos companheiros. Ou de renegociações e recontratos.
Pequenos jatos de ciúme as vezes funcionam como uma cola que os une e previne qualquer tendência natural ao afastamento.
Para uma pessoa consciente, o sentir-se tomado pelo ciúme pode levar a questionar-se sobre seus ciúmes e sobre sua maneira de se relacionar amorosamente. Pode tirar daí conclusões importantes a respeito de sua forma de ser e das aprendizagens que poderia ter.
Mas quando o ciúme ultrapassa os limites do bom senso, provoca sofrimento para as pessoas envolvidas e precisa ser visto e trabalhado.
Algumas razões que desencadeiam e mantém o ciúme:
- A primeira delas é uma interação relacional perturbada. Nesse caso, trata-se de casais que funcionam com base no “estar no controle”, em “ciúme-infidelidade-ciúme”, entre outros padrões que dão lugar à escalada cada vez maior de crises de ciúme.
- A segunda razão para o sentimento são os contratos mal feitos, em que aspectos importantes não são ditos, desejos não são explicitados nem bancados, restrições não são negociadas. Isso leva frequentemente a crises repetitivas e profundas na relação.
- A terceira razão são dificuldades emocionais particulares de cada um dos parceiros. Indivíduos com deficiências em sua estruturação de personalidade terão menos habilidade para lidar com relacionamentos e com todas as vertentes “perigosas” que existem, como desacertos, rejeições, desavenças. Podem ainda sentir-se perseguidos e traídos, o que alimenta o excesso de ciúme.
Os ciumentos inconscientes constituem um problema à parte. Eles permanecem em vigília o tempo todo, sempre muito tensos e aflitos. Tomam atitudes muitas vezes destemperadas. Estão sempre procurando uma forma de confirmar as suspeitas a respeito do parceiro ou da parceira.
Em questão de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza se torna vaga e imprecisa. As dúvidas podem se transformar em ideias supervalorizadas ou delirantes. A pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas. Fazem questão de confirmar onde o parceiro ou a parceira está, e se está mesmo com quem disse que estaria; abrem correspondências e ouvem telefonemas; examinam bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas. Seguem o companheiro ou a companheira. Até contratam detetives particulares para vasculhar o dia-a-dia dele ou dela. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos não ameniza o mal estar da dúvida.
Algumas possibilidades de como lidar com o ciúme:
- Avaliar os desencadeantes do ciúme (reais e fantasiosos)
- Avaliar a qualidade da relação (e como desencadeia ciúmes)
- Trabalhar os aspectos pessoais que desencadeiam ser ciumento/ter um parceiro com ciúmes
- Levantar os aspectos que precisam ser recontratados no casal.
Quanto mais intenso e menos controlável, maior o problema.
Mas sempre é possível desenvolver consciência do que acontece e usar como mapa para aprendizagens, mudanças e recontratos.