Compulsões Relacionais e Desempenho Profissional

Solange Maria Rosset

maio de 2019

 

Na compreensão relacional sistêmica, chamamos de compulsão relacional, ao padrão de automatismo de respostas e comportamentos que uma pessoa tem ao ser foco de toda ação relacional de alguém. São chamadas compulsões relacionais porque ocorrem nos relacionamentos, por serem automáticas e, na maioria dos casos, sem consciência.

Esses comportamentos e posturas automáticas a determinadas situações relacionais surgiram a partir dos padrões relacionais familiares, e estão ligados a situações traumáticas vividas e  a situações com as quais não aprendeu a lidar,  como forma de se defender e sobreviver. Elas fazem parte do padrão básico de funcionamento do indivíduo.

Nas situações emocionais e de estresse, essas compulsões passam a dirigir a atividade e as relações da pessoa. E se acontecerem sem que o indivíduo tenha consciência do padrão que está repetindo, pode ser o elemento das dificuldades relacionais e profissionais repetitivas.

Elas surgiram para defesa e sobrevivência, mas, na repetição estereotipada vão adquirindo “vida própria” e inconsciência. E geralmente estão por baixo dos desacertos profissionais, das repetições de problemas no trabalho e nas escolhas. Isto faz com que as questões não se resolvam, não possibilite aprendizagens novas, e a sensação de ser uma vítima do sistema maior se desenvolva.

A partir do momento em que o indivíduo percebe esse automatismo de reação, independentemente do motivo pelo qual funciona assim, ele pode começar o processo de ficar consciente e dono das suas reações. Tem início um novo mundo!

Esse processo de consciência e auto controle é longo e pressupõe o envolvimento da pessoa; implica em ficar atento, perceber e conter seus impulsos relacionais, assim como ter paciência e autocompaixão pelas dificuldades e recaídas.

No desenvolvimento desse processo, passa-se pela fase de perceber que acabou de repetir a compulsão; depois, percebe-se fazendo; depois, percebe-se na eminência de fazer e faz; e só após muito exercício, percebe-se na eminência de fazer, mas pode se conter e escolher se fará ou não.

É um processo, mas que cada passo recupera o bem estar individual – sensação de auto controle e da sua vida estar nas suas mãos – e melhora as situações de “embroglios” relacionais e profissionais repetitivos.

Ao enxergar seus automatismos abre-se o caminho de sair das situações relacionais e profissionais repetitivas. E possibilita escolhas, auto controle e mudanças.