Expectativa dos Pais

Solange Maria Rosset

 

Muito já se falou sobre a influência das expectativas dos pais na vida dos filhos. Alguns especialistas salientam a influência negativa, outros mostram como é necessário que os filhos tenham um caminho traçado pelos pais.

No entanto, o importante é sair da questão se isto é bom ou ruim, e sim, avaliar como os pais e os filhos lidam com essas expectativas.

Se os pais enxergam seus desejos sobre o futuro dos filhos; se apesar de desejarem dão possibilidades para os filhos escolherem; se os filhos podem fazer bom uso dessa expectativa; são as questões mais importantes.

Todos os pais tem expectativas sobe o futuro os filhos, sobe o que acham correto ou bo que eles façam. Mas alguns desenvolvem estas propostas para lidarem com suas próprias dificuldades.
São os pais que:

  • Desejam o melhor – na sua concepção - para os filhos: estes pais acreditam que sabem o que é certo/bom/correto na vida. Geralmente por terem uma visa linear dos acontecimentos, ou por preconceitos, ou por não terem questionando seus próprios pais na sua adolescência ou início da vida adulta, e assim não terem aprendido que o certo/bom/correto muda de acordo com o contexto e de acordo com o ângulo que se olham os acontecimentos.  
  • Desejam que o filho não sofra o que ele sofreu: por terem vivido situações que trouxeram sofrimento direcionam todos seus esforços para evitar que os filhos sofram.  Estes pais não sabem que o que é difícil para eles pode não ser para os filhos, pois valores mudam, os filhos podem ter funcionamento diferente. E, principalmente, as dificuldades servem para fortalecer, se a pessoa usá-las como dicas das aprendizagens que necessita fazer e aprender a se desprender das dores, mágoas e ressentimentos.
  • Dão o que não receberam, ou criam oportunidades que não tiveram: o que fazem é para curar suas dificuldades, e por isso não enxergam o papel importante que as frustrações têm no amadurecimento dos filhos e não sabe que é necessário sentir a necessidade para se sentir suprido e fazer bom uso do que recebem.
  • Cobram retorno ou engajamento: se a motivação dos pais é curar uma dificuldade própria, se tona vital que os filhos respondam como se espera. Se isto não acontece, os pais aumentam a cobrança, a exigência, o que geralmente aumenta o mal estar do filho e sua dificuldade em agradar o pais ou saber o que realmente quer e gosta.
  • Outro ângulo desta questão é ligada à auto estima dos pais.  Para alguns pais o filho é prova da sua competência: se ele fizer a coisa certa é sinal de que os pai souberam educar e encaminhar corretamente, e assim podem mostrar aos outros e à si mesmos que são competentes; outros pais sentem que se o filho fizer o que eles querem é sinal de que são amados por ele: assim se sentirão melhores nas suas próprias carências; para outros o filho é sua extensão e deverá realizar os seus sonhos não realizados: desta forma a realização dos pais estará dependendo dos filhos darem seguimento ao sonho os pais.       

    Para facilitar o relacionamento entre pais e filhos alguns itens podem ser observados.

  • Os pais devem se perguntar: Para que desejo que meu filho siga este caminho? Que dificuldades minhas estão misturadas às minhas expectativas? Se meu filho seguir ou não que dores e alegrias eu vou sentir?  De que forma posso explicitar meus desejos mantendo a possibilidade de escolhas para o filho?
  • Os pais devem enxergar o filho real: ver se ele tem habilidades e características necessárias para o que desejam dele. Descobrir os desejos, os objetivos e as dificuldades que ele tem, para poder compreendê-lo e ajudá-lo.
  • Os filhos devem lidar com a expectativa e o desejo dos pais como um fato que traz possibilidades de aprendizagem e crescimento. Aprender com os pais que tem sem se sentir lesado com os desejos deles é uma das possibilidades de amadurecimento para todos os envolvidos.
  • Saber usar a expectativa dos pais como um parâmetro, como um sinalizador, como uma hipótese enriquece e ajuda o filho nas suas escolhas.
  • Não afrontar os pais mas aprender a procurar o seu próprio caminho é a maior tarefa dos filhos.
  • * Texto escrito à partir da participação da autora no programa  “Com a Palavra” da TV Educativa – Curitiba – PR, em 14/10/08