Mudança
Solange Maria Rosset
Junho de 2013
Na Terapia Relacional Sistêmica o foco final do processo é encaminhar o cliente a fazer mudanças no seu Padrão de Funcionamento. No entanto, dentro deste enunciado geral, muitas questões e muitos aspectos coexistem.
- Muito antes de pensarmos em mudança é necessário avaliarmos o quanto o cliente enxerga da sua forma de funcionar, e se ele enxerga. Isso não pressupõe pessoa melhor ou pior, mas pressupõe que sem enxergar os aspectos do seu padrão de funcionamento pessoa alguma poderá se propor a, e terapeuta algum poderá desejar trabalhar para mudar o funcionamento da pessoa. Ao avaliarmos o quanto uma pessoa enxerga do seu padrão de funcionamento, podemos então, auxiliá-la a ir adiante, tendo como foco a mudança.
- Porém, as mudanças não ocorrem gratuitamente sem dificuldades. Para desenvolver o processo de mudança, antes é preciso fazer as aprendizagens necessárias para aquelas mudanças. Muitas vezes essas aprendizagens são aquelas que deveriam ter sido feitas no processo de desenvolvimento, e que, para que as mudanças possam ocorrer, elas precisam acontecer. Outras vezes são aprendizagens circunstanciais que vão facilitar os movimentos futuros.
- E então, enxergando seu funcionamento – como funciona, o que precisa mudar, o que precisa flexibilizar, o que precisa ter auto controle, entre outros aspectos -, tendo os instrumentos necessários adquiridos com as aprendizagens, o foco na mudança pode ser mais leve.
Ter como foco a mudança, no processo terapêutico, pressupõe os itens anteriores, mas é importante também saber que nem todas as mudanças podem acontecer da mesma forma, nem devem ser tratadas como se fossem o mesmo assunto.
Ao trabalhar com mudança é importante saber que existem mudanças necessárias, desejadas, possíveis, perigosas entre outras.
- Mudanças desejadas – são aquelas que o cliente se propõe a fazer.
- Mudanças necessárias – são aquelas sem as quais o padrão vai continuar igual. São imprescindíveis para que o processo vá adiante
- Mudanças possíveis – nem sempre o que o cliente deseja é possível. As vezes não é possível porque depende de outras pessoas, as vezes porque precisa de elementos que ele não tem ou que não são viáveis de acontecer.
- Mudanças úteis/vitais – que o cliente deveria fazer para ter uma forma de funcionar mais funcional
- Mudanças desaconselhadas – são aquelas que se acontecerem vão mexer muito com o sistema circundante e que poderão colocar o cliente ou outras pessoas em risco.
Estas reflexões são importantes para acompanharmos o processo dos nosso clientes mas também para desencadearmos os nossos processos de mudança.