O RESPEITO E A COMPAIXÃO NA RELAÇÃO TERAPÊUTICA

Solange Maria Rosset

Agosto de 2002.

 

"Eu considero contatar o espírito, o primeiro passo em alguma mudança. Então, juntos, nós podemos clarear o caminho para liberação da energia, para ir em direção à saúde. Isto, também, é espiritualidade em ação." Virginia Satir, The New people making Science and Behavior Books - Mountain View - California 1988

 

Estas palavras com as quais Virginia Satir encerra seu artigo sobre espiritualidade têm me acompanhado nos últimos anos. Desde que me tornei psicoterapeuta, sempre direcionei meu trabalho para a prevenção e para fazer o melhor possível com as condições reais que o cliente tinha/apresentava no momento. Mas nos últimos tempos, tenho pensado e trabalhado buscando adicionar RESPEITO E COMPAIXÃO no dia a dia dos atendimentos.

O trabalho relacional sistêmico que faço, parte do pressuposto que a tarefa do terapeuta é auxiliar o cliente a desenvolver consciência do seu próprio padrão de funcionamento, e a realizar as aprendizagens que necessita neste momento, ou que ficaram faltando no processo de desenvolvimento, para então poder realizar as mudanças necessárias na sua vida, no seu padrão.

Essa proposta de integrar RESPEITO E COMPAIXÃO no atendimento clínico parece à primeira vista algo intrínseco ao trabalho clínico, mas na verdade depende de um exercício contínuo do terapeuta para adequar essa proposta à sua responsabilidade de terapeuta e à sua vivência pessoal desses dois temas.

Edgar Morin, diz que quando explicamos estamos conhecendo o outro como um objeto, e então o julgamos, no entanto quando o compreendemos, estamos conhecendo o outro como sujeito e estamos também nós sendo sujeitos da experiência relacional. Ele diz isto, falando sobre a ética da solidariedade, que engloba o respeito e a compaixão. ( Em Meus Demônios , e também em outras obras).

Dentro desses parâmetros, RESPEITO E COMPAIXÃO pressupõe um autoconhecimento do terapeuta das suas vivência e registros desses temas na sua história, na sua família de origem, no seu desenvolvimento pessoal e profissional; pressupõe o exercício da responsabilidade e segurança para poder respeitar as escolhas do cliente, portanto, ter compaixão pelas suas dificuldades, seus limites, suas defesas sem ser conivente com seus álibis; pressupões humildade e lucidez para adequar suas crenças, seus próprios limites, suas metas dentro do processo relacional com o cliente.

Respeito e compaixão são temas muito fortes da nossa vivência e formação na família de origem. No meu trabalho com formação de terapeutas, e com os clientes, muitas vezes a dificuldade ( em falta ou em distorção) desses temas no trabalho clínico, remetem às dificuldades vividas na família em que se criou. A cura desses registros, seja tomando consciência, seja perdoando, seja se desapegando, pode trazer mais prazer e encantamento no trabalho terapêutico, bem como uma qualidade relacional mais profunda.

O objetivo do trabalho pessoal do terapeuta, é a tomada de consciência do modo como esta temática do Respeito e Compaixão afeta cada um, o reencontro com este tema na sua família de origem e a reflexão dos efeitos na sua prática profissional.

Texto resumo da vivência

"Respeito e Compaixão na Relação Terapêutica"

no V Congresso Brasileiro de Terapia Familiar

Salvador - BA

Agosto 2002