Padrões familiares

Solange Maria Rosset

outubro de 2021

 

O padrão de funcionamento é o foco do meu trabalho clinico e da minha forma de olhar o mundo.  Ao enxergar o funcionamento de um sistema, vou buscar quais são as aprendizagens e as mudanças que ele precisa, deveria ou poderia fazer. Para isso, ajuda muito ter um olhar trigeracional.

É no seio da família que o indivíduo constrói seus padrões básicos de funcionamento. Padrão básico de funcionamento significa a sua forma específica e repetitiva de ser e de reagir em todas as situações; os mecanismos que usará para viver e sobreviver; suas escolhas ao compreender e relacionar-se com as pessoas e situações. Tal padrão constrói-se no entrelaçamento das relações familiares, através do que é dito e do que não é dito, das normas explícitas e das regras que são passadas de forma sutil, nos olhares, nos toques, nas palavras e atos.

Paralelo ao padrão de funcionamento que vai construindo, o indivíduo estrutura a sua autoimagem: quem é, qual é seu valor, qual é sua potência, quais são seus limites. Assim, ele chega na adolescência, e depois na vida adulta, com  os ônus e os bônus de ter sido criado naquele sistema familiar específico, com aquele padrão específico.

Um dos comportamentos disfuncionais que muitas vezes encontramos, quando falamos na importância das relações para a construção do individuo, é de culpar os pais, responsabilizando-os pelas dificuldades e pelos padrões que vai enxergando; ou então usar esse fato como um álibi que desculpa não suas próprias ações.

Enxergar a gênese do nosso padrão, só é útil se usarmos o que vemos na nossa família de origem como um mapa indicador de que aprendizagens e mudanças nós podemos fazer. Isto significa ser responsável pela sua própria vida, pelos seus próprios padrões, suas aprendizagens e mudanças.