Reflexões sobre brigas

Solange Maria Rosset

Fevereiro de 2017

 

O conflito verbal entre pessoas íntimas não é apenas aceitável, ele pode ser construtivo e altamente desejável. Muitos benefícios podem surgir à partir de uma briga. Desde que as pessoas briguem de forma apropriada.
Brigar bem exige paciência, boa vontade, e flexibilidade em adotar métodos desafiadores e anticonvencionais. Requer corações e mentes abertos à razão e à mudança.

Aprendendo a brigar as pessoas descobrem que as tensões e frustrações naturais de seres que vivem juntos podem ser grandemente reduzidas.

Vivendo com menos mentiras e inibições e descartando conceitos ultrapassados de etiqueta os casais e as famílias se sentem livres para crescer emocionalmente, tornar-se mais produtivos e mais criativos, não só como indivíduos mas também como parceiros.

Muitas pessoas evitam brigar por não confiar no que podem fazer ou no que podem ouvir. Como se fosse o medo que acompanhava o Mito da Caixa de Pandora (Uma caixa que era proibido abrir, e que quando desobedeceram e a abriram soltaram todos os males da humanidade).

O medo é usualmente justificado, mas vale a pena lembrar que em algumas versões do mito, após saírem todos os “bichos” da caixa sobrou algo, e ao verificarem o que restou na caixa, descobriram que era a esperança.

É muito interessante lembrar deste detalhe, pois é a esperança  que pode possibilitar novas aprendizagens e ajudar as pessoas a ousarem brigar e então resolver o que surgir.

Uma outra metáfora é muito usada ao se avaliar a qualidade e utilidade das brigas. É a metáfora da fogueira, que é usada para  ilustrar o aquecimento da relação que a briga pode dar.

Se o fogo estiver alto não necessita de combustível ou abano; existem momentos em que é melhor que as brasas ardentes se apaguem; e há momentos em que as chamas precisam ser abanadas a fim de se manifestarem vivas.

Porém, em momento algum, existe utilidade em gerar uma fogueira tão grande que a floresta se incendiará, obrigando a fugir.

Assim também, a briga pode aquecer a relação, mas se for excessiva poderá destruí-la.

*Texto elaborado à partir do capitulo final do livro “Brigas na família e no casal – Aprendendo a brigar de forma elegante e construtiva“