Reflexões sobre responsabilidade nos relacionamentos

Solange Maria Rosset

agosto de 2020

 

No processo de desenvolvimento dos padrões relacionais, inicialmente nas famílias de origem e depois em outras relações, as pessoas criam explicações e respostas, racionalmente bem estruturadas ou de acordo com princípios bem aceitos pelo sistema de referência ou pela comunidade; dessa forma, cristalizam defesas que protegem, evitam questionamentos e mantém a pessoa sem a necessidade de avaliar e questionar a si mesma, bem como de refletir sobre suas razões e questões.

Ética e responsabilidade dependem da consciência de que todos os fatos e pessoas estão interligados e da noção de interconexão dos eventos.

As inúmeras definições de liberdade sempre trazem de forma implícita ou explícita a noção de responsabilidade. Sem responsabilidade a tal da liberdade tende a ser libertinagem, impulso, compulsão, busca do prazer sem avaliação do contexto. E pode desencadear consequências que não trazem bem-estar nem ao autor nem aos outros envolvidos. A liberdade responsável possibilita escolha e discernimento.

Quando a pessoa tem consciência da sua responsabilidade ela não evita as consequências, mas se envolve nos efeitos dessas consequências.

A responsabilidade não tira o peso das consequências, mas possibilita que a pessoa adquira leveza ao se responsabilizar por elas. Ao contrário, ao não assumir a responsabilidade abre espaço para a culpa ou culpabilização do outro, o que desencadeia mais dificuldades e sofrimento, criando assim um círculo vicioso que aumenta a culpa, aumenta as consequências, aumenta a culpa, e assim por diante.