Repetição de padrões na relação de casal

Solange Maria Rosset

dezembro de 2021

 

Escrevi uma frase nas redes sociais: “O divórcio começa no namoro, quando você identifica sinais negativos e escolhe ignorar”  que causou muito impacto. Depois disso comecei a conversar com os casais sobre essa questão e sua influência nos relacionamentos. E muitos aspectos foram surgindo, que podem auxiliar ou manter as dificuldades relacionais.

Quando um casal se apaixona, os envolvidos só mostram o seu melhor ou o que agrada ao outro, e só enxergam aspectos que mantem a paixão. E, aí começam as questões...

Um apaixonamento tem tempo contado, pois o dia a dia, a realidade, os confrontos trarão à tona funcionamentos, ideias, valores que não são tão coerentes com o que enxergamos quando apaixonamos. E este é o momento que definirá o padrão de funcionamento de cada casal. Se um dos envolvidos, ou os dois, enxergam as diferenças, os hábitos e valores que não são coerentes com os seus podem usar essas diferenças para aprender e crescer; ou percebe que é inviável o relacionamento e encerra; ou passa por cima do que enxerga, cria álibis para dar continuidade, acredita que com o tempo o outro mudará, ou decide mudar o outro, ou sofrer calado, ou uma série de comportamentos que não lidam com a realidade e as dificuldades da relação mas sim, passam por cima delas.

Quando trabalho com casais, um dos pontos que proponho trabalhar é ligado a essa distorção de visão das diferenças e inviabilidades. Se as diferenças são o caminho mais fácil de enxergar o que precisa aprender e mudar, não lidar com elas – ignorando, exigindo a mudança do outro, tendo expectativas irreais, e outros tantos jeitos – é a porta para infelicidade e manutenção dos padrões disfuncionais.

Um relacionamento sempre trará confrontos, recaídas nos padrões que dificultam a relação, erros e dores, mas a forma que o casal lida com esses erros, o que eles fazem, ou combinam fazer depois do erro é o que importa e será o que pode definir se será uma relação saudável – de aprendizagens, crescimento e prazeres – ou uma relação de dores, sofrimentos e infelicidade.