Resiliência e Aprendizagens Familiares Básicas

Solange Maria Rosset

Maio de 2016

Muito já sabemos sobre resiliência. Mas existem aspectos que precisamos pensar e repensar.

Resiliência engloba:  

• A capacidade de lidar e enfrentar problemas e superar obstáculos;
• Habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas;
• Capacidade de se recuperar de situações de crise e aprender com elas;
• Ter a mente flexível e o pensamento otimista, com metas claras e a certeza de que tudo passa.

Algumas características da resiliência são:

• capacidade de auto-julgamento,
• facilidade para corrigir os erros e defender os acertos.
• saber reconhecer com rapidez e perspicácia o momento certo da luta ou da fuga,
• sabedoria em evitar danos graves à sua vida.
• iniciativa,
• criatividade,
• perseverança,
• coragem

As vantagens em ser resiliente são muitas, mas pode-se resumir em poder usufruir das oportunidades da vida – profissionais, físicas, relacionais, entre outras - sem perder-se no desespero das crises, traumas e dificuldades.

No atendimento de famílias tenho enxergado quando elas tem um padrão resiliente e de como as mudanças terapêuticas são mais fáceis e mais profundas. E tenho percebido também, nas famílias com um grau muito baixo de resiliência, que elas tem dificuldades muito grandes de compreender e instalar um processo de mudança. Isto também é uma realidade já conhecida pela psicoterapia e psicoterapeutas.

O que tenho ficado atenta, é na forma como as famílias ensinam aos seus filhos – crianças, adolescentes e adultos – a desenvolver e treinar aspectos resilientes.

Trabalhando este ângulo deste tema, neste momento tenho focado o desenvolvimento da resiliência no seio do sistema familiar. E, a primeira questão que me salta aos olhos é a forma como as famílias lidam com as aprendizagens sistêmicas básicas no seio das relações familiares.

Chamo de aprendizagens sistêmicas básicas ou aprendizagens familiares básicas aquelas questões relacionais que deveriam ser aprendidas de forma funcional dentro do processo de construção das relações familiares, desde o momento que nasce uma criança. Na minha compreensão, são aprendizagens cujo “locus” perfeito é o seio da família, por ser onde as pessoas aprendem e desenvolvem seus padrões relacionais, aos poucos, a partir das trocas afetivas, das aprendizagens sociais, dos limites e permissões subliminares.

Importante nesse momento citar algumas dessas aprendizagens básicas:

• pertencer e separar
• dar e receber
• rejeitar e ser rejeitado
• lidar com a solidão
• privacidade e limites
• público e privado

Tenho visto que, dependendo da forma como essas aprendizagens básicas vão se desenvolvendo dentro do seio da família, os padrões resilientes vão se fortalecendo ou desaparecendo.