Resiliencia

Solange Maria Rosset

22/08/2011

 

O termo é original da física e define a propriedade da matéria voltar ao seu estado original após algum tipo de deformação.

No contexto psicológico é o desenvolvimento de habilidades que possibilitam melhores meios de enfrentamento, com o menor dano possível, das agressões estressoras e dos revezes sofridos na vida cotidiana e nas situações traumáticas. É também definido como a capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse, trauma- sem entrar em surto psicológico.

Atualmente, a compreensão, estudo e desenvolvimento da resiliência aparece como foco da psicologia, da psiquiatria e da psicoterapia em função das condições difíceis que todos enfrentam nos dias de hoje: angústia e ansiedade pelas agressões, crimes, roubos, crises vividas ou sabidas em todos os patamares da sociedade. Nesses momentos o caminho a seguir tem apenas dois sentidos: superar as dificuldades ou ser mais uma vítima dela.

A resiliência envolve um processo de aceitação de tudo o que aconteceu atingindo novo equilíbrio emocional e relacional com as circunstâncias modificadas. Se torna uma  experiência transformadora, onde os indivíduos se  percebem mais preparados para qualquer coisa que aconteça no futuro.

Compreende-se então, a resiliência como uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. A forma de ser resiliente aparece de forma específica em cada pessoa, mas as características do alto grau de resiliência são fáceis de perceber na forma como o indivíduo se coloca durante e depois dos eventos traumáticos, e também no dia a dia rotineiro. O indivíduo resiliente tem uma incrível capacidade de auto-julgamento, e uma facilidade para corrigir os erros e defender os acertos. É um grande estrategista num gigantesco jogo de xadrez. Sabe reconhecer com rapidez e perspicácia o momento certo da luta ou da fuga, e isso é capacidade de auto-preservação, ou seja, sabedoria em evitar danos graves à sua vida.

A superação não é hereditária e nem genética mas é congênita e, sobretudo, cultural. A grande maioria das pessoas pode tornar-se resiliente se tiver vínculos e relações que a preparem para isso. Numa compreensão relacional sistêmica, o padrão familiar, trigeracional, pode ser trabalhado para a formação de indivíduos mais resilientes. Ajudar indivíduos e famílias a alterar crenças repressoras que perpetuam problemas e limitam opções  e encorajar crenças facilitadoras que aumentem as opções para a resolução de problemas a cura e o crescimento, é uma proposta libertadora.

Uma abordagem terapêutica focada na resiliência tem como objetivo identificar e fortalecer processos de interação fundamentais que capacitem as famílias a resistir e a se recuperar depois de crises e desafios. Fortalecendo a resiliência inspiramos as pessoas a acreditar na sua própria possibilidades de regeneração.

Alguns aspectos estão no âmago do funcionamento de pessoas resilientes e podem ser revistos e transformados no trabalho de desenvolvimento de resiliência, nas famílias e nos indivíduos.

São eles: