Responsabilidade e ética
Solange Maria Rosset
janeiro de 2025
No processo de desenvolvimento dos padrões relacionais, inicialmente nas famílias de origem e depois em outras relações, as pessoas criam explicações e respostas, racionalmente bem estruturadas ou de acordo com princípios bem aceitos pelo sistema de referência ou pela comunidade; dessa forma, cristalizam defesas que protegem, evitam questionamentos e mantém a pessoa sem a necessidade de avaliar e questionar a si mesma, bem como de refletir sobre suas razões e questões. Nas relações, os álibis servem para o indivíduo defender-se dos questionamentos e queixas dos parceiros e para se manter no controle das situações. A disfuncionalidade dos álibis acontece pelo fato de que impedem aprendizagem, crescimento, escolhas e responsabilidades. Os álibis mais poderosos são: não posso, não consigo, vou tentar, tenho medo.
Quando a pessoa tem consciência da sua responsabilidade ela não evita as consequências, mas se envolve nos efeitos dessas consequências. Um exemplo disso é quando a pessoa pede desculpa ou pede perdão pelo que fez. Pedir desculpa pressupõe que fez algo sem querer, que foi por engano, se desincumbe do ônus do ato realizado. Pedir perdão pressupõe reconhecer não só a autoria do ato mas suas consequências, pressupõe reconhecer sua responsabilidade e seu envolvimento nos efeitos causados por ele.
A responsabilidade não tira o peso das consequências, mas possibilita que a pessoa adquira leveza ao se responsabilizar por elas. Ao contrário, ao não assumir a responsabilidade abre espaço para a culpa ou culpabilização do outro, o que desencadeia mais dificuldades e sofrimento, criando assim um circulo vicioso que aumenta a culpa, aumenta as consequências, aumenta a culpa, e assim por diante.
As inúmeras definições de liberdade sempre trazem de forma implícita ou explícita a noção de responsabilidade. Sem responsabilidade a tal da liberdade tende a ser libertinagem, impulso, compulsão, busca do prazer sem avaliação do contexto. E pode desencadear consequências que não trazem bem estar nem ao autor nem aos outros envolvidos.
A liberdade responsável possibilita escolha e discernimento. Com ética, respeito e responsabilidade.