Sobre casais e tarefas conjugais
Solange Maria Rosset
Junho de 2018
Quando duas pessoas se juntam para serem um casal, elas constituem um sistema que, no seio da família, passa a ser o subsistema conjugal. Tal subsistema poderá ser o gerador de uma nova família; porém, mesmo que se encerre em si mesmo, será responsável pelo desenvolvimento e pelo crescimento emocional das duas pessoas envolvidas.
Existem algumas funções básicas, que são específicas desse sistema conjugal, e que respondem pela razão de estarem juntos, descritas a seguir.
- Ser o refúgio para os estresses externos que os dois cônjuges sofrem no dia a dia – Alguns exemplos dessa função conjugal são: compreender e dar carinho depois de uma crise no trabalho; ouvir as explicações e razões para fazer o que fez no trânsito, no trabalho, nas dificuldades com parentes ou amigos; dizer palavras de estímulo e alívio quando o outro está desanimado, culpado ou arrependido.
- Ser a matriz para contatos com outros sistemas sociais, criando a forma específica do casal se relacionar com as famílias e com o social – Os parceiros definirem juntos o que fazer e como fazer nas relações com os amigos, a família e todos os outros grupos de relacionamento, sem seguirem o que aprenderam nas suas famílias ou o que é comum nos outros casais, mas sim o que é importante para os dois, da forma específica que eles querem estabelecer.
- Possibilitar o desenvolvimento da intimidade e da sexualidade – Por ser o espaço de maior intimidade que alguém pode ter, é o lugar ideal para ultrapassar seus limites, desenvolver experiências e aprender novos padrões nessas duas áreas.
- Favorecer aprendizagem, criatividade e crescimento – Por ser a relação de maior proximidade que se tem, é nela que aparecem o melhor e o pior de cada um dos parceiros, possibilitando maior aprimoramento. Em todos os momentos, surgirão dificuldades, situações novas; essas são as oportunidades para exercitar a espontaneidade e a criatividade para desenvolver novos comportamentos, flexibilizar suas ideias e aprender novos jeitos de fazer as mesmas coisas. E aprender e aprimorar sua forma de ser à partir da forma que o parceiro/a parceira apresenta.
- Preservar as fronteiras, de forma que nem os filhos, nem os parentes, nem os amigos interfiram – Mesmo sendo importantes a ajuda e o carinho das famílias de origem, os cônjuges devem manter suas decisões, escolhas e definições como uma tarefa e um direito do casal. Assim, estarão descobrindo meios mais funcionais do que os usados pelos seus antigos familiares. Também devem definir que existem assuntos e decisões que não cabem aos filhos, além de avaliar a influência dos amigos para o crescimento e o desenvolvimento da intimidade e da cumplicidade do casal.