Sobre expectativas

Solange Maria Rosset

Abril de 2015

 

Trabalhando com pessoas a mais de 40 anos, ainda me surpreende a forma como as relações são prejudicadas com o padrão de criar expectativas sobre o funcionamento do outro. É muito difícil encontrar um casal ou uma família onde as pessoas sabem usufruir do que o outro lhe dá ou faz, sem ficar preso na expectativa do que o outro deveria lhe dar ou fazer.

Os casais que enxergaram que suas frustrações não vêm do sofrimento causado pelo outro, mas sim das expectativas que tinham e que não foram concretizadas, conseguiram usufruir integralmente tudo que o outro lhe dá ou faz, e com isso melhorar a qualidade e felicidade da relação.

Nas famílias, ocorre o mesmo mecanismo. Enquanto pais, filhos, irmãos estão presos na expectativa do que desejam ou esperam que do outro, as mágoas, frustrações e desentendimentos florescem. Aprender a viver sem expectativas sobre o outro e usufruindo tudo que recebe faz muita diferença.

A pessoa que vive na expectativa do que o outro deve fazer, organiza sua vida centrado na outra pessoa e fica completamente vulnerável na relação. Quem não vive na expectativa, está centrado em si mesmo, e o que o outro faz pode trazer melhoras ou pioras na relação, mas não o desestrutura.