Sobre Padrão de Funcionamento

Solange Maria Rosset

Janeiro de 2019

 

Mais um ano que inicia, muita coisas novas podem surgir, muitas coisas podem mudar. No entanto, para surpresa minha, o maior pedido que recebi no final do ano foi sobre escrever ao público em geral sobre Padrão de Funcionamento, que é a base do meu trabalho clínico e de formação de terapeutas.

Padrão de funcionamento é uma forma repetitiva que o sistema (indivíduo, grupo, família, empresa, casal, ou qualquer outro elemento relacional) usa para responder e reagir às situações da vida e às situações relacionais. Na maioria das vezes, ele é inconsciente e automático. Engloba o que é dito e o que não é dito, a forma como são ditas e feitas as coisas, bem como todas as nuanças dos comportamentos.

O padrão de funcionamento aparece em todos os aspectos da pessoa ou do sistema. Pode ser visto no corpo, no pensamento, no sentimento, na ação e, especialmente, nas relações. Também fazem parte do padrão de funcionamento as compulsões relacionais básicas, as defesas automáticas e os álibis relacionais. Quanto menos consciente a pessoa é do seu padrão de funcionamento, tanto mais fica à mercê das conexões nos sistemas aos quais pertence, com menor possibilidade de fazer escolhas.

Não existe Padrão de Funcionamento bom ou ruim, melhor ou pior. O Padrão de Funcionamento simplesmente existe. O aspecto que faz diferença é o quanto o indivíduo enxerga seu padrão, aceita que ele é da sua forma específica e, a partir dessa compreensão, esforça-se para instrumentar seus pontos funcionais e ter controle sobre seus pontos disfuncionais.

Aprender a ver os padrões de funcionamento é como solucionar um quebra-cabeças: uma peça de cada vez, sem aparente ligação com a figura; porém, de um momento para o outro, ficam claros o objetivo, o jogo, o padrão.

Então, o primeiro passo para ter controle sobre padrões repetitivos é aprender a enxergá-los. Só após isso, é possível saber quais aprendizagens são necessárias, qual o caminho para ficar “dono de si”, dono dos seus comportamentos. Esse é um processo contínuo e ininterrupto; sempre haverá um novo ângulo a ser descoberto, uma nova ligação a ser percebida.

Ao romper a rigidez de um padrão, antes inconsciente e agora sob controle, é necessário ficar atento ao risco das recaídas e às novas mudanças que surgirão.