Solidão, rejeição e privacidade na educação dos filhos

Solange Maria Rosset

Fevereiro de 2014

 

Aquilo que aprendemos na nossa família de origem fica introjetado dentro de nós como forma automática de funcionar, e a partir disso ao nos relacionarmos com outras pessoas levamos aquelas formas de agir e de sentir como se fossem verdades, e atuamos esperando que os outros também pensem, sintam e ajam dessa forma.

Se compreendermos esse fato fica mais fácil entender o outro, em qualquer relacionamento, pois poderemos ter mais controle sobre nossas crenças e expectativas. Poderemos também conversar com os parceiros de forma a flexibilizar as formas rígidas de agir e assim todos podem aprender e viver melhor.

 Poderíamos lidar melhor com a situação se fosses educados sabendo que a rejeição é um aspecto relacional inevitável e que a solidão e a privacidade não são necessariamente aspectos negativos. A vida seria muito mais leve, e as relações muito mais prazerosas, pois rejeição, privacidade e solidão seriam aspectos da vivência relacional e não situações de sofrimento e cobranças.

Poderíamos orientar nossos filhos para que esses problemas não existam nos seus relacionamentos. No entanto, a forma das crianças lidarem com esses temas começa 50 anos antes de elas nascerem! Aquilo que os avós aprenderem passam como algo novo para seus filhos e estes passarão aos próprios filhos como uma forma automática de funcionamento. As crianças aprendem principalmente com o exemplo. Se alguém quer que seus filhos lidem com solidão, rejeição e privacidade como elementos tranqüilos da vida e das relações devem buscar lidar dessa forma com sua vida e falarem dessa forma para os filhos. 

Desde que estão na barriga, quando chegam da maternidade e vão para seu próprio quarto, ao terem o direito de fechar a porta do banheiro e dos seus quartos, ao poderem escolher ficar sozinhos nos momentos de tristeza ou frustração são exemplos de exercício diário de privacidade, solidão e rejeição como questões reais, normais e leves.