TERAPIA DE GRUPO RELACIONAL SISTÊMICA

Solange Maria Rosset

Março de 1996.

 

1- Enfoques teóricos sobre Terapia de Grupo

1.1 - Histórico

Segundo David Zimmermann, podemos compreender a Psicoterapia de grupo através da sua história no desenvolvimento de quatro movimentos de Terapia de grupo.

1.1.1 - O método repressivo

Pratt, fundador da Psicoterapia de grupo, em 1905 usava o chamado Método Repressivo , no tratamento psicoterápico de pacientes tuberculosos.

Chapel, Stephano, Rogerson e Pike, usando o mesmo método trataram pacientes com úlcera gástrica. A base do tratamento , em resumo, constituiu-se do seguinte : a) o controle das preocupações e "tormentos" substituindo-os por pensamentos felizes; b) proibição de discutir seus sintomas com os familiares e amigos; c) diminuição da disciplina em relação ao regime - alimentar-se não quando está angustiado senão quando se tem vontade; d) auto-sugestão: pensar que é uma pessoa sadia e outras idéias semelhantes, que devem ser repetidas à noite; e) sugestão induzida - no sentido de assegurar boa digestão - mediante bons pensamentos e sono tranqüilo.

Abraham A. Low - em 1937 fundou com 30 psicóticos que receberam alta após tratamento de "choque" uma entidade "Recovery Inc ", cujo processo terapêutico consistia em substituir a linguagem usada pelo paciente, capaz de engendrar tensões emocionais e perpetuar os sintomas, por expressões afirmativas, propiciadas pelo médico, dirigidas no sentido da saúde mental.

1.1.2 - O método Didático

Lazell, em 1921 usando o Método Didático (conferências, leituras e discussão de livros e artigos de revistas, relato de casos clínicos reais ou imaginários) fez um grupo terapêutico com psicóticos.

Outros que usaram o método Didático foram Marsh, Wender, Blackman e Klapman (este, em 1947 publicou o livro "Group Psychoterapy - Theory and Practice").

1.1.3 - O método Psicodramático

A partir de 1911 Jacob L. Moreno inicia seus grupos psicoterápicos com a denominação de Psicodrama.

1.1.4 - O método Psicanalítico

Schilder foi o introdutor do método analítico na psicoterapia de grupo (1939), mas seus relatos foram muito mal elaborados, e, por isso, suas observações, apesar de terem sido muito interessantes, não são registros adequados do seu trabalho.

Historicamente, Simmel é considerado o primeiro psicanalista a empregar os conhecimentos analíticos na terapia de grupo, pois na I Grande Guerra ele tratou as neuroses de guerra mediante a "ab-reação ativa" em grupo.

Slavson, é o autor que mais escreveu sobre Psicoterapia de Grupo de orientação analítica.

Outros terapeutas de grupo com orientação analítica foram Foulkes, Ackerman, Wolf e Rosenbaum.

A escola Psiquiátrica de Washington publicou em 1953, sob a supervisão de Florence Powdermarker e Jerome Frank , "Group Psychotherapy", a mais extensa monografia sobre o tema .

1.2 - Escolas, Linhas, Abordagens

1.2.1 - Psicodrama

1.2.1.1 - Pontos teóricos principais

A - o conceito de espontaneidade - criatividade

A espontaneidade e a criatividade estão dialeticamente ligadas, pois só através de ser espontâneo é que o indivíduo consegue ter atos criativos - ou seja dar respostas novas e adequadas à situações novas ou antigas. A criança nasce em total estado de espontaneidade, e vai aos poucos se enrijecendo e perdendo a espontaneidade, cristalizando-se nas conservas culturais. O psicodrama possibilita a recuperação desta espontaneidade através do jogo dramático, do "como se" simbólico, onde o imaginário e o real coexistem no cenário, onde se recupera o contato consigo mesmo e com os demais ao reencontrar-se com a criatividade, de onde surgirão papéis novos e respostas novas, livres de estereótipos.

B - a teoria dos papéis

Para Moreno, o papel é o conjunto das posições imaginárias assumidas pelo indivíduo durante sua infância, na relação com os demais. É então de raiz imaginária e se concretiza na ação, na interação. Temos os papéis psicossomáticos, os papéis sociais e os papéis psicodramáticos. Quanto mais sadio é um indivíduo, mais possibilidade terá de desempenhar diferentes papéis. Terá um leque de papéis mais amplo. Papéis criativos e não repetitivos.

C - a psicoterapia grupal

Moreno afirma que trabalhar em grupo sem uma fundamentação sociométrica, antropológica e micro-sociológica, somente com a interpretação individual, é impossível.

A regra fundamental é a interação livre e espontânea, e o objetivo, favorecer a integração do indivíduo e do grupo. Considera a transferência como expressão da dissociação e desequilíbrio do grupo.

D - tele e transferência

Tele consiste no sentimento e conhecimento real de outras pessoas. O fator tele tem dois aspectos: 1. O psicológico ou empatia que é responsável pelas escolhas recíprocas e que implica na correta percepção do outro e do próprio sentimento para o outro. 2. O psicopatológico ou transferencia - que é não estar em contato com o outro real, senão consigo mesmo, confundindo o outro com figuras do mundo interno.

E - aqui e agora

O aqui e agora é o terreno mais apto para a comprovação do efeito das condutas do paciente sobre outros - o grupo em psicoterapia de grupo, e o terapeuta em psicoterapia bipessoal - . Tudo em psicodrama é aqui e agora por mais que se refira ao passado ou futuro, porque implica aceitar uma realidade que não se pode iludir, já que o passado e o futuro pertencem ao imaginário. Começar por compreender o presente é em psicoterapia psicodramática o primeiro passo para aprofundar a relação terapêutica, o único ponto entre paciente e terapeuta; atuá-lo dramaticamente é trazer o passado ao presente.

F - catarse de integração

Catarse é a expressão das emoções ligadas ao fato ou à lembrança do fato traumático. Porém é fundamental compreender que o que propõe Moreno não é a catarse, mas a catarse de integração. Moreno diz : "O psicodrama é classificado comumente como um método catártico, o que não é correto. O processo terapêutico inclui a catarse, porém o ponto principal é a integração sistemática, integrando gradualmente as diferentes partes da produção."

A catarse é uma descarga que traz um alivio momentâneo; na catarse de integração, os aspectos do ego que permaneciam fixados no passado passam a fazer parte do presente. A catarse é apenas o cume de um processo ; a integração é o próprio processo, gradual, as vezes lento e penoso.

1.2.1.2 - Instrumentos do Psicodrama

A - Diretor

O papel do diretor é o de coordenar a sessão em seus aspectos verbais e dramáticos.

B - Ego auxiliar

Ego auxiliar é em principio todo indivíduo que ao contracenar com o cliente, joga o papel de pessoas de sua relação ou de figuras de seu mundo interno. Pode ser um elemento do grupo que em determinados momentos assume esse papel, ou um ego auxiliar profissional ou seja um terapeuta auxiliar com a função específica de ego auxiliar. O ego auxiliar tem duas características fundamentais : ser um instrumento do diretor, e ser um instrumento do protagonista.

Como instrumento do diretor :

possibilita uma maior distância afetiva do diretor em relação a seus clientes, permitindo que este trabalhe num campo mais relaxado, preservando-se sua liberdade de ação e de percepção - distância terapêutica.

possibilita uma maior interferência do diretor durante o desenvolvimento da cena psicodramática, tal como dar consignas, interpolar resistências, assumir o papel do duplo, etc.

reparte com o diretor as cargas transferenciais do processo psicoterapêutico, podendo até substituí-lo na função de diretor.

auxilia na parte dos comentários finais, dando principalmente o depoimento das vivências sentidas durante a dramatização, que muitas vezes passam despercebidas pelo terapeuta.

possibilita ainda ao terapeuta um companheiro para discussão e avaliação de cada sessão e com isso, um melhor entendimento de pontos obscuros das dinâmicas individual e/ou grupal.

Como instrumento do protagonista :

é a ponte entre o cliente e seu mundo internalizado, à medida que assume papel de figuras de seu mundo interno existentes ou desejados, possibilitando assim a integração das vivências oriundas das zonas de psiquismo caótico e indiferenciado.

é um elemento facilitador da dramatização.

auxilia o protagonista com seus comentários no final da dramatização.

ao repartir com o diretor a carga transferencial, possibilita ao cliente uma maior liberdade de sentir e se expressar em relação ao terapeuta, sem riscos de sanções por parte dele.

C - Protagonista

É o elemento do grupo que está sendo o foco do trabalho. É a pessoa que está catalisando a emoção do grupo, e possibilita que através do seu trabalho todos do grupo sejam trabalhados.

D - Cenário

É o espaço onde ocorre a dramatização.

E - Público

É o grupo terapêutico, que atua como espectador - participante da dramatização.

1.2.1.3 - Funcionamento dos grupos

A - Segundo Víctor Dias

Segundo Victor Dias, os grupos obedecem a 4 configurações básicas que são fundamentais para o estabelecimento do clima terapêutico e que funciona como uma rede de sustentação para a pesquisa intrapsíquica dos clientes. Elas são: configuração basal, integração, circularização e hierarquização.

Configuração basal: ocorre no início, onde cada cliente já tem um vínculo estabelecido com o terapeuta. Nesta fase a sustentação sempre é do terapeuta, ele é o protagonista. Portanto ele tem que ser mais atuante, mais diretivo e não esperar que o grupo tome decisões. Esta configuração ocorre no início da formação do grupo e pode também acontecer quando o grupo entra em fortes defesas, em situações de muito medo e nas mudanças de fase da terapia. O terapeuta deve então ser realmente o líder do grupo e responsabilizar-se pela continência grupal.

Integração : Nesta fase o grupo inicia o estabelecimento de vínculos entre seus elementos, mas são vínculos que ainda dependem da proteção ou da presença do terapeuta. Eles falam para o terapeuta. A função do terapeuta é de facilitador ou de objeto intermediário entre as relações dos elementos do grupo. Começam a aparecer os primeiros materiais terapêuticos, que devem ser trabalhados com cautela, pois o grupo ainda não é continente para suportar um protagonista. O ideal são trabalhos com o grupo todo, onde todos os elementos participem. Se for impossível evitar o trabalho de protagonista, pode-se fazê-lo, mas será certamente um trabalho a nível de corredor cliente-terapeuta. A continência ainda ocorre muito por conta do terapeuta e muito pouco por conta do grupo.

Circularização: É a fase em que o grupo pode trocar confidências entre si, com a presença ou não do terapeuta e se apresenta realmente como um grupo de terapia. Todos continuam tendo um vínculo individual com o terapeuta, mas já podem também estruturar os seus vínculos com os elementos do grupo, na presença ou não do terapeuta. O clima já é bastante íntimo e as pessoas se sentem à vontade para trazer materiais íntimos, compará-los, auxiliar um ao outro. O trabalho com o protagonista tem uma ressonância afetiva no grupo sendo ele portanto o porta voz emocional do grupo. Nesta fase apesar da sustentação afetiva ser boa é difícil escolher o protagonista, a não ser que ele venha extremamente carregado e se imponha pelo seu estado emocional.

Hierarquização : É a fase ótima do grupo, onde as pessoas sem a ajuda do terapeuta começam a estabelecer um grau de importância e de liderança dentro do grupo. O grupo, então se organiza e se torna muito operativo. Essa hierarquização é dinâmica e não fixa, onde várias pessoas vão ocupar a liderança dependendo do momento do grupo. Essa liderança baseia-se no grau de continência que determinados elementos vão ter nas várias fases do grupo. Pode-se dizer que o grupo se trata sozinho, e se trabalha muito com protagonistas individuais , não necessitando de trabalhos com a dinâmica do grupo.

Segundo Victor , um grupo já hierarquizado pode voltar a qualquer uma das configurações dependendo das fases que atravessará; a leitura adequada do terapeuta possibilitará trabalhar as motivações da recuada e a volta a uma configuração. É importante conhecer e entender as fases que um grupo passa no fluxo e refluxo da sua dinâmica própria.

As fases do grupo de acordo com a Teoria do Núcleo do Eu são : fase de ingeridor do grupo, de defecador no grupo e fase de urinador do grupo.

Fase de ingeridor do grupo - a liderança desta fase estará nas mãos dos ingeridores. São características desta fase esperar que a solução venha de fora e não de dentro de si, - pedem muito a orientação do terapeuta, a solução depende de outra pessoa fora do grupo, - é uma fase extrovertida e esperam que alguém os cuide e traga alivio. Aparecem defesas fóbicas e conversivas. O tempo que esta fase vai durar dependerá do número de ingeridores que o grupo tem e da habilidade do terapeuta. Nesta fase vai se trabalhar as dificuldades nos mecanismos de incorporação e de satisfação ou insatisfação, com a incorporação de conteúdos externos para o meio interno.

Fase de defecador no grupo - Segue a fase do ingeridor . Na liderança estarão os defecadores do grupo, sendo os protagonistas ou definindo quem serão. É a fase em que o grupo passa a exteriorizar seus conteúdos internos, começa um clima de depositação externa bem como de revisão e interiorização, onde a procura de soluções está dentro de si mesmo. A sessão passa a ter muitos conteúdos e insights. São característicos nesta fase elaborações, oposição à autoridade, onipotência, quebra de regras, afirmação de direitos. Aparentemente o grupo pode andar sozinho, e o terapeuta precisa de habilidade para não se impor como autoridade. Começam os confrontos entre os elementos e a estabelecer um clima de maior franqueza entre as pessoas. Ocorre um questionamento das estruturas formais com a conseqüente quebra de vários tabus ou normas internalizadas.

Fase de urinador do grupo - Se caracteriza por ser uma fase em que se estabelece uma reorganização (agora, de dentro para fora) dos valores quebrados na fase anterior. O grupo está mais amadurecido, trabalha basicamente suas fantasias, sonhos e planejamentos ligados à exteriorização dos desejos contidos. O clima que é mais leve e com bastante intimidade pode ficar tenso próximo a execução das mudanças. É comum solicitarem o terapeuta como juiz, árbitro do certo e errado, etc. , e é importante que o terapeuta não faça essa complementação, mas ajude o grupo a definir as próprias regras e a ser juiz de si mesmo. O grupo está com alto grau de continência para as vivências de "loucura".

Fase de caótico e indiferenciado do grupo - É a fase onde o nível da parte sadia já está bem estabelecida e onde o grupo trabalha num nível mais profundo de perda parcial de identidade, sensação basal de incompleto, sensação basal de insegurança e sensação basal de medo. É a fase mais difícil da terapia, onde o terapeuta, às vezes, tem que dar continência ao grupo inteiro dentro da sua estrutura psicológica. São fases de intensa mobilização dos afetos, de grandes descobertas e de intensa mudança das pessoas e do grupo.

B. Segundo Dalmiro Bustus

A relação terapêutica vai se dando continuamente sobre dois eixos : o longitudinal que verifica a relação com sua história, que vai se desenvolvendo a partir das seqüências de sessões; e o transversal, o processo que se dá dentro de cada sessão considerada unitariamente. É importante considerar cada sessão em forma unitária, mas também o é compreender o significado do que ocorre nessa sessão ligada às precedentes.

Trabalho de forma horizontal - é um tipo de trabalho que visa a descarga de afetos, intenções, pensamentos ou percepções, ou seja conteúdos do mundo interno carregados de um tipo de tensão para o meio exterior. Pode ser de pequena profundidade até de grande profundidade. Dependendo da habilidade do terapeuta esta trabalho permite detectar qual a origem da tensão intranúcleo. O foco está centrado nos conteúdos e tenta através da técnica ultrapassar os impedimentos.

Consiste basicamente em possibilitar ao cliente que desabafe a angústia, seja por meio de verbalização, choro, raiva, ação, etc. O terapeuta possibilita um clima terapêutico com a sua conseqüente continência para que esse cliente possa exteriorizar e vivenciar a sua angústia com a máxima intensidade possível. O efeito terapêutico é mais catártico e possibilita a diminuição da tensão intranúcleo para posterior trabalho mais aprofundado.

Trabalho vertical - Visa principalmente identificar e evidenciar os determinantes psíquicos que levam a essa situação de tensão intranúcleo. É um trabalho em que não se procura a descarga da tensão intranúcleo, mas sim a evidenciação da sua origem para aí sim conseguir uma descarga.

O foco do trabalho vertical está centrado principalmente nos impedimentos. Não tenta nunca ultrapassar os impedimentos, ele tenta sim seguir a origem dos impedimentos.

No trabalho vertical a angústia sempre está relacionada com uma situação de vida não-resolvida. A preocupação não é com a descarga da angústia, mas, sim identificar a situação de vida não resolvida que está imediatamente ligada ao desencadeamento da angústia.

C - Segundo José Fonseca Filho

Os grupos seguem no seu desenvolvimento os estágios de desenvolvimento do ser humano (9). No entanto, como um grupo não é uma criança, que para se tornar adulta precisa de muitos anos, as fases grupais se superpõe mais rapidamente, e com menos nitidez. De qualquer forma, algumas fases são muito bem marcadas e facilmente detectáveis.

O início de um grupo expressa a "fase de indiferenciação" em que as pessoas não se conhecem, estão ansiosas, temem pela futura vida grupal. Aparecem simbioses e dependências.

A seguir , vem a "fase de reconhecimento grupal" , onde as pessoas começam a perceber-se dentro do grupo e a perceber os outros. A sociometria grupal começa a tomar forma.

A próxima etapa, a "fase de triangulação" revela-se através da formação de triângulos grupais , incluindo, às vezes, os terapeutas. Surgem amizades, atrações, competições, etc.

Finalmente temos a "fase de circularização e de inversão de papéis".

1.2.2 - Psicanálise

Os grupos terapêuticos com orientação analítica têm, de um modo geral, algumas características diferentes dos grupos terapêuticos com outros enfoques. Assim, quanto ao número de pacientes ele é sempre menor do que nas outras linhas. São grupos pequenos, desde 2 a 3 pacientes até no máximo 10. A freqüência das sessões é de uma ou duas por semana, sendo excepcionais 3 ou 4 por semana. A duração das sessões varia de 45 minutos até uma hora e 15 minutos. Os outros aspectos ( seleção, aberto ou fechado, tipo de clientes etc. ) varia mais de terapeuta para terapeuta , sem um padrão da orientação analítica.

Entretanto, dentro da psicoterapia analítica de grupo cabe assinalar duas orientações distintas: - a que focaliza o indivíduo e dirige as interpretações para este ou para as relações que se estabelecem entre um ou dois pacientes do grupo (análise em grupo) , e - a que focaliza o grupo como um todo e para este todo encaminha primordialmente as interpretações (análise através do grupo).

Nos grupos terapêuticos com orientação analítica a estruturação do trabalho terapêutico segue os pressupostos básicos da terapia Psicanalítica, sendo a interpretação da transferencia o foco primordial. São usadas também outras técnicas do arsenal técnico psicanalítico.

As bases conceituais e teóricas da organização e funcionamento do grupo podem ser deduzidas à partir dos pontos de vista de Freud sobre grupos humanos, expostos principalmente em Totem e Tabu, e Psicologia das Massas.

1.2.3 - Bion

Bion organiza suas idéias sobre o funcionamento dos grupos, à partir das teorias Freudianas (Totem e Tabu - 1913 -, e Psicologia de grupo e Análise do Ego - 1912 -) e de sua experiência com grupos em geral e grupos terapêuticos.

A primeira coisa a ser dita acerca das contribuições de Bion à terapia de grupo é que ele defende a idéia de que o homem é um animal de grupo, um animal gregário, de horda. O que quer dizer que fenômenos mentais grupais são inerentes à mente humana. Eles podem não ser a todo momento perceptíveis, mas estão lá.

É só no espaço de convivência grupal que os fenômenos mentais grupais podem ser percebidos. Bion criou algumas expressões para designar os fenômenos que observou ao lidar com grupos terapêuticos.

A expressão "mentalidade grupal " significa o fato de que um grupo usualmente funciona como uma unidade, mesmo quando seus membros não tem consciência de tal. Tem a ver com a atividade mental que ocorre quando os seres humanos se reúnem em grupo.

"Cultura grupal" é definida como sendo o resultado da inter-relação entre mentalidade grupal e os desejos dos indivíduos.

Uma outra expressão cunhada por Bion é "valência", um termo extraído da Química, e que indica a maior ou menor capacidade de cada indivíduo dentro do grupo para participar das suposições básicas grupais. Bion diz que todos nós temos um certo grau de valência que apenas varia para mais ou para menos em cada um, a cada momento, a cada circunstância. É a capacidade de combinação involuntária e instantânea de um indivíduo com outro, para participar e agir em função do pressuposto básico.

Segundo Bion, a atividade mental do grupo acha-se dividida em duas partes. A primeira, cujas características se assemelham ao Ego, ele denomina de "Group Work" -Grupo de Trabalho . Trata-se de uma atividade cuja cooperação é voluntária, decorrendo de anos de treinamento, experiência e desenvolvimento psíquico individual. Em qualquer grupo podem ser discernidas tendências de atividade mental. Todo grupo, por casual que seja, encontra-se para "fazer "algo. A cooperação é voluntária, e uma vez que esta atividade acha-se ligada a uma tarefa, ela se encontra relacionada com a realidade , seus métodos são racionais, e dessa maneira, embora em forma embrionica, é científica. Quando os pacientes se encontram para uma sessão terapêutica de grupo, pode-se sempre observar que uma certa atividade mental é dirigida à solução dos problemas para os quais os indivíduos buscam ajuda.

Diz Bion : "Chamei de Grupo de Trabalho esta faceta da atividade mental de um tipo particular, e não as pessoas que se entregam a ela."

. Mas esta atividade mental é freqüentemente obstruída, desviada e ocasionalmente reforçada por outras atividades mentais que tem em comum os atributos de impulsos emocionais poderosos. Esta segunda atividade, aparentemente caótica, pode ser compreendida com mais coerência mediante a hipótese de que surgem de "pressupostos básicos" comuns a todos os grupos.

Os 3 pressupostos básicos da atividade mental do grupo e seus respectivos líderes são os seguintes :

a) o pressuposto básico da "dependência" A primeira suposição é a de que o grupo se reúne a fim de ser sustentado por um líder de quem depende para nutrição, tanto material quanto espiritual, e proteção. Dentro da suposição básica de dependência, o grupo se comporta como se um de seus membros fosse capaz de tomar a liderança e cuidá-lo totalmente. É característico do grupo de dependência que este se comporte, buscando localizar o seu líder, e , a partir deste, colocar-se em dependência; ou usam as palavras do líder como um livro sagrado, e então o grupo tende a substituir a pessoa do líder pelas suas manifestações verbais.. Nesses grupos de dependência o lugar do líder pode ser preenchido pela história do grupo. O sentimento básico é a culpa e a depressão.

b) o pressuposto básico de "luta-fuga". Representa a convicção, freqüentemente inconsciente, do grupo como um todo, de que existe um inimigo que deve ser combatido ou evitado, e de que o grupo reuniu-se para lutar contra alguma coisa ou dela fugir. Ele está preparado para assumir qualquer uma das duas atitudes , indiferentemente. O líder aceito de um grupo neste estado é aquele cujas exigências sobre o grupo são sentidas como concedendo oportunidades para a fuga ou para a agressão. No grupo de luta-fuga a importância do líder é maior ainda, pois, pelo fato de o grupo se colocar numa proposta de ação requerer a coordenação de uma liderança. Os sentimentos básicos são de ira e ódio.

c) o pressuposto básico de "acasalamento " . A terceira suposição também se refere ao propósito para o qual o grupo se reuniu. É a suposição de que um acasalamento está se efetuando e corresponde à crença coletiva e inconsciente de que os problemas e necessidades do grupo, sejam quais forem, serão solucionadas no futuro por alguém ou algo que ainda não nasceu. Uma esperança de que algo no futuro vai resolver todas as dificuldades. Existe nesse sentido, uma esperança de tipo messiânico. Em função disso, dois elementos do grupo, independente do sexo de cada um, formam um casal sob o beneplácito do restante dos elementos do grupo. Não há necessidade de líder mas sim de um par que engendre o futuro líder, o Messias, que trará a satisfação do atendimento das necessidades do grupo. Seu líder, segundo Bion, pode ser mais bem descrito como o "gênio ainda não nascido" estando encoberto por "esperanças messiânicas". O "líder" do grupo é o futuro, será uma pessoa ou uma idéia que salvará o grupo (a criação de um Messias, seja ele pessoa, idéia ou Utopia), mas a fim de realizar isso, evidentemente a esperança messiânica nunca deve ser alcançada. Apenas enquanto permanece sendo uma esperança, é que a esperança persiste. O clima grupal é de alegre esperança e de otimismo. O sentimento básico desta fase é a esperança messiânica. Há um ar especial de expectativa e confiança

As participações nessas atividades não requerem experiências e independem de desenvolvimento mental. São instantâneas, inevitáveis e instintivas. Dependem de que o indivíduo possua o que Bion denomina de "valência",

Deve-se notar que as suposições básicas são estados emocionais que evitam a frustração, que está relacionada com o trabalho e o aprendizado, e o sofrimento do contato com a realidade.

1.2.4 - Gestalt

O trabalho de Fritz Pearls é sintetizado por Claudio Naranjo no livro Teoria Y Técnica de la Psicoterapia Gestáltica, (compilado por Joen Fagan e Irma Shepherd) :

- Valorização da atualidade : o temporal (o presente versus o passado ou futuro), o espacial (o presente versus o ausente) e o material (o ato versus o simbólico).

- Valorização da consciência e valorização da experiência.

- Valorização da integridade ou responsabilidade.

São usadas técnicas de várias fontes para atingir as metas dessas propostas.

1.2.5 - Thomaz Szasz

A importância de Thomas Szasz na psicoterapia, é de que ele nos traz muitos temas importantes para reflexão. O mais importante , ao meu ver , é o referente ao contrato terapêutico, onde ele enfatiza a importância do contrato para o desenvolvimento da responsabilidade do cliente no processo terapêutico. Desta forma ele assenta as bases do que ele chama de Psicoterapia autônoma.

1.2.6 - Bowen

Entre os vários conceitos desenvolvidos por Murray Bowen, alguns são importantes quando trabalhamos com grupos:

- o grau de "diferenciação "ou "não diferenciação" do si-mesmo de uma pessoa;

- "ego familiar comum indiferenciado"

- transmissão de "madurez" ou "imadurez" através de várias gerações

- possibilidade terapêutica das forças emocionais externas;

-chegar a ser um melhor observador e chegar a controlar a própria emotividade

- destriangulação

1.2.7 - Winnicott

A visão de Winnicot do ser humano é sempre de um indivíduo em sociedade, em interação com o outro, com o mundo - de um ser grupal.

O grupo em sua evolução, repete o desenvolvimento do indivíduo. Em seus primórdios apresenta-se não integrado, é uma soma de partes diferentes, não diretamente relacionadas umas com as outras. Depois, (como a criança contida por uma mãe suficientemente boa, desenvolve simultaneamente sua sensibilidade interoproprioceptivas com sensações de unidade e equilíbrio) o grupo evolui para um estágio de integração em que os seus vários componentes formam uma Gestalt harmônica, coesa e una. Esta situação de integração produz várias modificações no funcionamento grupal : o terapeuta que fala para um componente é automaticamente ouvido por todos os outros, por exemplo.

Por outro lado o grupo não integrado tende a apresentar múltiplas dissociações, como formação de subgrupos, freqüentes ausências e saídas, ou seja , partes dissociadas que ficam definitivamente perdidas.

No grupo integrado funcionam intensamente os processos de identificação, e cada vez mais os pacientes se entendem e podem ajudar-se uns aos outros.

Assim podemos entender que a dependência inicial do terapeuta como uma conseqüência de um estágio grupal de não integração e a necessidade de ter alguém que atue acelerando os processos de integração. O terapeuta funciona assim, de início, como uma mãe ativa das primeiras fases do desenvolvimento e vai , aos poucos, cedendo lugar ao grupo, funcionando em dependência relativa e no rumo da independência, acompanhando-o apenas em um desenvolvimento cada vez mais autônomo, como preconiza Winnicott no desenvolvimento individual.

Outro aspecto importante do trabalho de Winnicott é que ele nos deu exemplos vivos da utilização do brincar na terapia de adultos : a escolha das palavras, a inflexão da voz e , principalmente o humor. Levando-se em conta o grupo em sua multiplicidade de pessoas e situações, as possibilidades do brincar e a aplicabilidade dessas originais contribuições são imensas. Um terapeuta de grupo que não consegue brincar realmente com seus pacientes não é verdadeiramente terapeuta, poderíamos dizer, à maneira de Winnicott.

A maioria dos pacientes recebe positivamente o brincar do terapeuta, como uma atitude de aproximação e de suavizar as duras realidades de um tratamento. Obviamente o brincar terapêutico deve ser sempre livre e espontâneo e não estar a serviço de manobras de agradar ou seduzir o paciente.

1.2.8 - Pichon

Pichòn-Rivière contribuiu de muitas maneiras para a psicoterapia de grupo desde as suas primeiras experiências com grupos familiares na década de 30.

Os principais pontos são os seguintes :

- seu trabalho sobre grupo interno (que se manifesta no vínculo transferencial);

- sua compreensão de porta voz do grupo;

- seu conceito dos 3 D (Depositário, Depositante e Depositado);

- a compreensão de resistência à mudança;

- ECRO;

- os papéis (como uma conjugação da verticalidade com a horizontalidade)

1.3 - O Terapeuta

1.3.1 - Ecro do Terapeuta

O terapeuta ao iniciar um grupo, chega também com seu mundo interno, seu ECRO. São todas suas vivências, experiências, valores, desejos, fantasias, dificuldades. A partir desse referencial ele vai entender o que se passa no grupo, e vai trabalhar de determinada maneira, com determinada organização.

Portanto o terapeuta estará mais aberto a perceber determinados elementos e mais fechado para outros.

1.3.2 - Formação Teórica e Técnica do Terapeuta

A forma de organizar o grupo vai depender da formação básica do terapeuta. O que ele sabe fazer, o que ele já experimentou como cliente e como terapeuta e sabe que funciona, sua formação acadêmica e profissional.

1.3.3 - A "Terapia" do terapeuta

O terapeuta está estruturado sobre um mapa ou modelo, através do qual percebe, vive, atua sobre seus pacientes. Seus limites podem ser mais ou menos flexíveis, podem ter maior ou menor capacidade de integrar , adaptar, modificar, ampliar. Também este sistema se estereotipa, e necessita ser reavaliado constantemente.

Considerando que quando mais aberto esteja a diferentes estilos, maior possibilidade terá de reestruturar o seu próprio, tornando-o mais rico. Esta abertura possibilitará encontrar uma maior variedade de caminhos para atingir suas metas, e terá um maior repertório para resolver os problemas que surgem no caminho. É portanto necessário que o terapeuta abra seus limites para conhecer novas maneiras, bem como submeta seu trabalho a avaliação e discussão com outros profissionais (supervisor, colegas etc.) e com outras linhas técnicas e teóricas.

Bateson dizia "o que incrementa o conhecimento vem da combinação de informações de duas ou mais fontes " e "se necessitam duas coisas para criar diferenças. Para produzir novidade nas diferenças, ou seja informação, tem que haver duas entidades reais ou imaginárias " (Pg. 76 Mind and Nature)

Para manter seu trabalho vivo, o terapeuta deve continuamente fazer-se as seguintes perguntas:

Com quais técnicas me sinto mais à vontade? Quais não gosto?

Com quem trabalho bem ? com quem mal? (idade, traços de caráter, patologias, níveis cultural, social, sexo, etc.)

Que tipo de sala prefiro trabalhar, com que luminosidade, que período do dia, etc.

processo de "terapia" do papel de terapeuta ocorre através da supervisão, do processo de terapia pessoal, das trocas com outros profissionais e da auto-reflexão e auto supervisão.

2 - TGS aplicada à Terapia de Grupo

2.1 - Teoria Sistêmica Básica

2.1.1 - Sistema

Sistema é uma estrutura hierarquicamente organizada, em interação entre as partes e com o meio buscando o equilíbrio.

Um sistema é, então, composto de elementos. Mas isso não quer dizer que ele é a soma dos elementos, como o raciocínio cartesiano nos induziria a pensar. Ele é um Todo não redutível a suas partes. O Todo é mais do que Forma Global, ele tem qualidades emergentes que as partes não possuíam.

Quando se organiza um grupo terapêutico esta compreensão não deve sair da nossa mente, pois esquecer isso nos levaria a definir antecipadamente programas, projetos etc. que não seriam viáveis ou adequados para o grupo quando estiver em funcionamento. Conhecer os elementos do grupo não significa que conhecemos o funcionamento do grupo quando se organizarem.

As propriedades do sistema são mais e/ou diferentes da soma das propriedades das partes. O Todo é mais do que a soma das Partes.

O potencial terapêutico do grupo é não só a soma do potencial terapêutico de cada elemento, mas sim, algo mais , o potencial terapêutico daquele grupo em especial.

Qualquer sistema é parte de um suprasistema, que por si mesmo mostra todas as qualidades de um sistema. Suprasistemas são também partes de um sistema de nível mais alto - "Supra-suprasistema", e assim ao infinito.

De forma semelhante, cada parte de um sistema é por si mesma subsistema que mostra características do sistema. Subsistemas também tem partes "sub-subsistemas" e assim por diante.

É possível ver qualquer organização de partes como uma entidade (sistema), como um suprasistema para suas partes componentes, ou como um subsistema de uma organização maior ou mais complexa.

De acordo com Loew y Figueira :

Um sistema é um conjunto de elementos que interacionam entre si e com o meio. Se olharmos os elementos não poderemos ver o todo, é a ORGANIZAÇÃO que se dá entre os elementos de um sistema que nos permite compreendê-lo e não a soma dos mesmos.

Se queremos compreender o grupo não devemos focalizar nossa atenção sobre os integrantes, para compreendermos os mecanismos grupais .

Todo sistema aberto está composto por subsistemas, e é a sua vez um subsistema de um sistema maior. Se centramos nossa atenção no indivíduo como sistema, não podemos esquecer que ele é formado por diversos subsistemas. Do mesmo modo se nos centrarmos no grupo como sistema, não podemos esquecer os diversos subsistemas que o formam, e nem o sistema maior do qual ele faz parte.

Portanto ao direcionar o trabalho para um dos membros do grupo, deve-se levar em consideração o sistema maior - o grupo. ao mesmo tempo não se pode esquecer que cada elemento faz parte de um outro sistema, e que o próprio grupo está inserido num suprassistema que tem determinadas formas de funcionar etc. Supra sistemas mais importantes são a Família e o contexto político.

2.1.2. Isomorfismo

Propriedades e/ou funções semelhantes são observáveis em todo sistema, em subsistemas e em suprasistemas. Esta similaridade é conhecida como isomorfismo.

2.1.3. Limites

Um sistema é compreendido dentro de seus limites. Interações com outros sistemas se realizam através do limite (membrana). Essas transações consistem na entrada ou saída de energia e/ou informações e/ou matéria. A natureza do limite ou membrana (rígido, poroso, permeável, etc.) e seu estado de abertura ou fechamento define as transações possíveis.

2.1.4 - Abertura e Fechamento -

Todo o sistema tem duas funções básicas de regulação de energia vital:

a) Abertura - Capacidade do sistema de se abrir para estabelecer trocas com o novo e o desconhecido. Esta função promove o crescimento, o reabastecimento e a renovação das forças do sistema.

b) Fechamento - Capacidade do sistema de se fechar em si, na manutenção da coesão do sistema e garantia da sua identidade, lealdade.

Este processo contínuo de abrir e fechar, chamado regulação do limite, distingue os sistemas vivos dos sistemas não-vivos. Nos sistemas vivos, a função de abrir e fechar o limite é automaticamente controlada. Eles regulam entrada e saída para conservar estabilidade e para moverem-se na direção de uma organização mais complexa, para crescer, diferenciar funções e desenvolver subsistemas especializados.

Se um grupo terapêutico fechar-se vai se enrijecer, se trouxer excessiva influência externa não vai conseguir se estruturar como um grupo forte com funcionamento próprio. Isto justifica a estrutura de grupos abertos.

Da mesma forma as pessoas dentro do grupo devem ter pontos em comum com o grupo mas manter suas características pessoais.

Quando as partes do sistema se tornam, fixas, por um lado cumprem automaticamente sua tarefa, o qual facilita alcançar as metas propostas. Mas por outro lado, se produz um empobrecimento, uma perda das possibilidades que tinham quando o sistema estava mais indeterminado. Isso vemos nos grupos em que a estrutura com seu jogo de papéis, suas normas, suas regras permanecem fixas durante um tempo demasiadamente longo.

2.1.5 - Contexto

O sistema está inserido num contexto, ou seja, nas circunstâncias específicas de Espaço e Tempo.

2.1.6 - Estrutura de um sistema

Compreende a ordem e a relação dinâmica dos elementos do sistema. (Desde os elementos presentes até as suas leis, regras, estratégias, ideais, ritos e mitos)

Não esquecer que um grupo terapêutico tem isso tudo, e........

2.1.7 - Hierarquia de um sistema

Compreende a ordem de subordinação dos poderes. É uma distância de posições que é útil ao funcionamento do sistema. É ligado com as partes do todo, níveis de direitos, deveres e poderes.

O grupo vai ter uma estrutura hierárquica que precisa ser percebida e respeitada.

2.1.8 - Organização de um sistema

Compreende o arranjo de relações entre os componentes. Engloba um aspecto estrutural (organograma) e um aspecto funcional (funções, programa).

Compreender e respeitar isso ajuda nas propostas de trabalhos.

O grau de complexidade de um sistema depende, por um lado, do número de relações que ligam estes elementos entre si. A originalidade do sistema é proporcional à riqueza de informações que ele contém.

Isto justifica a decisão de organizar grupos heterogêneos em vários aspectos.

2.1.9 - Leis, Regras e Estratégias

O sistema é regulado pelas Leis, Regras e Estratégias.

Leis - desde as leis da Natureza até as leis místicas do sistema. São inexoráveis, imutáveis, inconscientes.

Regras ou Normas do Sistema - são invariáveis. Respondem pela coerência e estabilidade do sistema. Funcionam como o estatuto interno que regulamenta: o permitido, o exigido, o proibido. As regras mantém a estrutura do sistema, controlando os sentimentos, as relações do Poder. São semiconscientes ou inconscientes.

Estratégias - são mais ou menos flexíveis, plásticas, e variáveis. São mais ou menos conscientes, e guiadas pelas contingências do ambiente real do sistema. As estratégias mantém as regras, as quais mantém as leis.

Atento a isso, sem ferir Leis e criando ou agilizando novas estratégias.

2.1.10 - Funções

Para que o sistema continue existindo é necessário que as funções do sistema sejam cumpridas (Funções Básicas e Funções Específicas). Para isso, os elementos podem estar desempenhando suas funções, ou um dos elementos estar sobrefuncionando (fazendo excesso de funções) o que significa que o outro elemento está sub-funcionamento.

Funções básicas de um grupo terapêutico paterna, materna, de aprendizagem, histórica.

Funções específicas de cada grupo terapêutico.

2.1.11 - Tendências básicas

Todo sistema tem 2 tendências básicas: Tendência Integrativa e Tendência Auto-afirmativa.

A Tendência Integrativa faz com que o sistema (que passa a ser sub-sistema) fique integrado no todo, fique dependente. Essa característica de dependência leva a manter a identidade.

A Tendência Auto-afirmativa organiza como sistema autônomo, (ou supra-sistema) preserva a autonomia individual do sistema, levando ao crescimento e à mudança. O ideal é que estas duas tendências estejam equilibradas, oscilando entre uma e outra.

O excesso de Tendência Integrativa leva à cristalização, enrijecimento. O excesso de Tendência Auto-afirmativa leva à separação do suprassistema.

Sabendo que isso está sendo sempre atuado, compreender os movimentos, as necessidades das pessoas e do grupo como um todo.

2.1.12 - Padrão de Interação

É a forma básica do sistema funcionar e interagir. Aparece através de elementos que se repetem sempre nas interações e que obedecem a regras fixas.

Desde os primeiros momentos se define qual será o padrão de interação do grupo. O terapeuta que sabe disso se organiza para que esse padrão seja o mais adequado possível aos objetivos do grupo.

2.2 - Uso da Compreensão Sistêmica na Terapia de Grupo

2.2.1 -

Pensar Sistemicamente é sair do reino das verdades estabelecidas, dos dogmas, para operar hipóteses, alternativas e aprendizagens novas.

Um grupo que funcione dentro de um pensar sistêmico não parte de verdades absolutas, o caminho se faz ao caminhar.

É buscar Ver uma mesma situação de vários pontos de vista, tratando de entender a forma como o todo e as partes se relacionam numa interação reciprocamente reforçadora e mantenedora da situação. É ir discriminando entre as semelhanças e diferenças.

O grande treinamento que o grupo possibilita é essa checagem de pontos de vistas. Depende do terapeuta que isso seja possível, ou seja só uma teoria cristalizada.

Pensar sistematicamente é ver a realidade de uma forma holística, circular. Isto traz formas diferentes de Ver e Lidar com a realidade a nível clínico.

2.2.2 -

A preocupação, o foco, é com "o que" e "como" está acontecendo.

O trabalho do grupo terapêutico dirige-se ao que acontece com as pessoas, a como elas funcionam, o que querem conseguir. Na experiência em grupo, isso aparece na sessão terapêutica, e concretiza o que acontece lá fora na vida diária.

2.2.3 -

O trabalho é com a forma da relação.

Desenvolver a compreensão e a experiência real no grupo, de forma a desenvolver um comportamento onde se veja a forma das pessoas se relacionarem, e ao mesmo tempo possibilita que o cliente "veja" essa forma e treine mudá-la.

2.2.4 -

Levantamento do Padrão de interação.

As historinhas só seduzem, o importante é o terapeuta treinar-se para enxergar o padrão de interação e não o conteúdo das queixas, para poder também treinar os clientes a verem isso.

Através das Interações, aparece a Forma de Relação entre os componentes do sistema (subsistemas), que vai delineando o Padrão de Interação do sistema.

O Padrão de Interação é a repetição de uma seqüência de lances (como num jogo) ou de interações (verbais e/ou não verbais). São elementos que se repetem sempre, e que obedecem a um conjunto de Regras fixas. Essas regras são fixadas em função de "valores maiores" do sistema, tem a tarefa de manter as Leis.

A forma específica (e mais ou menos flexível) que o sistema e seus subsistemas utilizam para manter suas regras, são as Estratégias. Um dos objetivos do trabalho clínico é flexibilizar, ter consciência e aumentar o número de estratégias funcionais do sistema.

2.2.5 -

Importância do contexto referencial.

Conhecer a Psicopatologia clássica é mais um conhecimento teórico. Para o trabalho sistêmico, se leva em conta os sintomas dentro do seu contexto, seja grupal, seja social.

2.2.6 -

Descobertas dos jogos de depositação complementares

O grupo possibilita ver esses jogos acontecendo e descobrir essas depositações complementares.

2.2.7 -

Conceito de Saúde = Funcional e Disfuncional

Conceitos de aprendizagem, mudança, transformação substituem os de cura, alta, doença.

O critério de saúde de um sistema (individual, família, casal, grupo) é dado pelo nível de funcionalidade/disfuncionalidade.

Sendo que funcional é quando o movimento do sistema leva à aprendizagem, crescimento, flexibilidade e desenvolvimento da autonomia sem perder a identidade, levando-se em conta o contexto (Tempo e Espaço).

Avaliação constante se está ocorrendo isso dentro do grupo

2.2.8 -

Busca de novas alternativas de funcionamento. O foco é na mudança.

2.2.9 -

As crises evolutivas do desenvolvimento humano são vistos como naturais, sejam na vida diária dos elementos do grupo, seja no desenvolvimento do grupo.

2.2.10 -

Foca-se nas dificuldades (que se mal administradas podem virar problemas). O trabalho é direcionado para a realidade concreta, se levam em conta outras realidades.

2.2.11 -

Desenvolvimento de Padrão Adulto (autonomia) nas relações afetivas e de poder.

2.2.12 -

O sintoma é compreendido como algo útil para clarear o Padrão de Interação do sistema, bem como para indicar as mudanças e aprendizagens necessárias. A razão e a lógica do sintoma podem ser vistos de inúmeros ângulos. Podem ser entre outros:

a) Uma resposta funcional a um sistema disfuncional. Ex.: Enurese.

b) Uma resposta irracional a um contexto igualmente irracional (Paradoxal, Duplos Vínculos)

c) Uma forma de mudança no sistema, sem que nada de fundamental mude. Ex.: Alcoolismo.

d) Um sofrimento menor, na tentativa de evitar um sofrimento maior.

e) Uma depositação, mais ou menos maciça, em uma das pessoas, de uma função ou papel que deveria ser distribuído por todos os elementos do sistema.

f) Uma metáfora da situação de estresse vivido pelo sistema e depositado em um dos elementos.

g) A explicação das dificuldades do sistema.

Isso no grupo , o que ocorre dentro do grupo, e nos sintomas que os clientes trazem.

2.2.13 - Causalidade circular

É o processo de interação dinâmica, no qual o fora e o dentro vão se modificando , onde o sistema metaboliza o que recebe, e ao mesmo tempo influencia o sistema maior.

Portanto se queremos modificar algo em um paciente , em um subgrupo ou no grupo todo, podemos interferir de várias maneiras, sempre observando como se comporta o sistema, e como se reorganiza.

Sempre que se trabalha com um subsistema ( paciente) sabemos que o resto do sistema não permanece imutável. Se nos centramos em um paciente, como subsistema de um grupo, é claro que ao modificá-lo há todo um reajuste do sistema grupo, e que enquanto trabalhamos aparentemente com ele, todo o sistema está tomando posição, intervindo, e sendo modificado.

2.2.3 - Valores, Objetivos, Vivências

Vão definir o que vai e não vai acontecer no grupo.

3 - Aspectos técnicos da Terapia de Grupo

3.1 - Objetivos

Na minha forma de trabalhar com terapia de grupo creio que a primeira coisa a se fazer quando se vai montar um grupo de terapia é definir com clareza qual é o objetivo pessoal como terapeuta de grupo, como terapeuta daquele grupo em especial, qual o objetivo daquele encaminhamento para cada um dos clientes dentro do seu processo.

3.1.1 - Objetivos da Terapia de grupo

O objetivo da Terapia de Grupo é usar o espaço/tempo/energia do grupo para possibilitar atingir o objetivo de qualquer tipo de terapia, que são:

Aprendizagem

Uma das funções principais da terapia de grupo é a possibilidade de desenvolver num espaço protegido aquelas aprendizagens que lá fora precisamos fazer , mas com isso corremos riscos relacionais. O ser humano está em constante processo de aprendizagem e aprimoramento.

Desenvolvimento da consciência

Isso leva a um desenvolvimento da consciência. À nível concreto isso significa, ter consciência do que faz , como faz, para quem faz e porque faz. Com isso vai se tornando responsável pelos seus atos e dono das suas compulsões.

Mudança

A terapia de grupo só tem razão de ser se for um tempo/espaço que favoreça, possibilite que as mudanças ocorram. Mudanças de primeira e de segunda ordem.

3.1.2 - Objetivo do Grupo

É necessário ter clareza do por que da montagem daquele grupo em especial. Não importam as razões, o que importa é que o terapeuta saiba o seu porquê.

3.1.3 - Objetivo do Encaminhamento de cada Cliente

Sabendo porque cada cliente entrou no grupo, fica mais fácil definir tarefas, encaminhamentos, avaliações.

3.1.4 - Objetivo no Processo do Cliente ( Individual e/ou grupo)

É necessário ter clareza em que ponto do seu processo pessoal o cliente está, para desta forma saber o que esperar do decorrer do grupo, e quais as aprendizagens ele precisa desenvolver.

3.2 - Montagem do grupo

Sobre a passagem da terapia individual para a de grupo, Bustus diz : "Elaboradas as ansiedades mais regressivas, adquirida a capacidade de mergulhar nelas sem tanto temor e com certo insight sobre seus conflitos, impõe-se o aparecimento do terceiro, o grupo."

Cada terapeuta vai montar seu grupo de acordo com suas necessidades, clientela e circunstâncias. Alguns aspectos que criam polêmicas :

3.2.1 - Sexo

Os grupos mistos são os mais adequados, com número semelhantes.

Bustus trabalha com no mínimo 2 representantes do mesmo sexo. No caso de ter um só é preferível que ficassem somente os de um sexo, já que se criaria uma dinâmica onde essa pessoa seria o depositário de toda a conflitividade de casal do grupo.

3.2.2 - Idade

Mais ou menos homogêneo em função de idade , experiência de vida e atividades.

Para Bustus, as idades não são fatores que importem demasiado, sempre que não haja variações extremas : mais de 20 anos entre a maior e a menor.

3.2.3 - Problemática

Para Victor Dias, segundo a compreensão do Núcleo do Eu, ao se formar, o grupo ideal é o formado por representantes das 3 características básicas de personalidade, isto é ingeridores, defecadores e urinadores, pois seria um grupo que tem continência no pensar, sentir e perceber. Também é contra indicado a colocação em grupos de clientes com grande quantidade de zonas de psiquismo caótico e indiferenciado e que não tenham mecanismos reparatórios bem estruturados, pois o entrosamento grupal se faz basicamente pela vinculação da parte sadia .

Nas palavras de Bustus : "Levamos pouco em conta os diagnósticos, com duas exceções : procuramos que tenha as diferenças suficientes para que apareçam diferentes modelos de conduta e não incluímos pessoas com quadros psicóticos.

Evitamos clientes com uma história de atuações reiteradas, pois se por um lado o grupo poderia chegar a beneficiá-lo, por outro o custo desta aprendizagem, para o resto do grupo seria muito alto.

Também não incluímos pessoas cuja problemática beire o delito, já que podem ocorrer duas coisas : 1. Se fala abertamente de seus problemas, compromete o grupo com informações perigosas. 2. Se não fala deles, fica como um núcleo enquistado dentro do grupo.

3.3 - Características dos grupos

3.3.1 - Número de pacientes

Loew y Figueira dizem que trabalham com um máximo de 10 pacientes sendo que nas prolongadas de 20 a 24. Notam que quanto menor o número de pacientes, mais personalizado é o material

Bustus, varia de 6 à 15 pessoas. Com no mínimo 2 representantes do mesmo sexo.

O número de pacientes varia de autor para autor , dependendo do tipo de trabalho que realiza, à nível teórico ( os de orientação analítica tendem a serem menores) e de técnicas (grupo verbal, com trabalho corporal, com dramatizações); e depende também das preferências pessoais do terapeuta e das demais circunstâncias ( material que está sendo trabalhado, fases do grupo, etc.)

3.3.2 - Freqüência e duração sessões

Grupo processual - sessões semanais ou quinzenais de 2 horas.

Loew y Figueira trabalham com sessões curtas - uma hora e quinze minutos, duas vezes na semana - ou sessões duplas - uma vez por semana com duas horas à duas horas e meia. Eles perceberam que nas sessões curtas os clientes trabalham de um modo mais centrado nas tarefas do dia, o grupo tem menor coesão. Em sessões duplas, o grupo se instala mais nas temáticas e desencadeia um processo mais durador cujos efeitos se pode retomar nas sessões seguintes.

Bustus trabalha com a duração de 90 à 120 minutos , uma vez por semana. E sessões prolongadas.

Com exceção de alguns terapeutas de orientação analítica mais clássica, a rotina das sessões de terapia de grupo é de uma sessão semanal de hora e meia à duas horas. Isso pode ser alterado para mais ou para menos, de acordo com a necessidade, objetivos e circunstâncias.

3.3.3 - Lugar das sessões

Espaço que possibilite trabalhos corporais, e um certo conforto.

É consenso entre muitos terapeutas que a sala deve ser protegida, discreta, com cadeiras cômodas. Sala pequena é incomoda, e sala muito grande pode dispersar os pacientes.

3.3.4 - Distribuição e posição dos pacientes na sala

Dependendo da orientação básica esse fato servirá para interpretações (os de perto protegem o terapeuta e os distantes atacam o terapeuta - seria um exemplo) ou será só um dado à mais. A rigidez, lugar, colocação, posições, posturas, vizinhanças são dados que se somam sobre os clientes do grupo.

Victor Dias tem o lugar do terapeuta fixo e os clientes escolhem o deles.

Segundo Loew y Figueira, a organização dos móveis na sala pré-define o direcionamento do trabalho. Por exemplo : Sentados em cadeiras, se fala mais, fica difícil sair de lugares tão definidos. As almofadas dão maior mobilidade. Acercar-se do outro é mais difícil se está em cadeiras.

3.3.5 - Faltas

Sempre são pagas. (Cuidado com contratos claros e riscos de mudanças)

Para Victor Dias "A hipótese de ratear o preço da sessão entre os elementos presentes, ocasiona dois inconvenientes, pode desequilibrar financeiramente o cliente, (pois ele nunca sabe ao certo quanto vai ter que pagar no fim do mês) e começa-se a discutir se o motivo da falta foi justo ou não, e com isso o grupo e os terapeutas se transformam em policias e juizes, o que não é a intenção de um grupo terapêutico. Portanto o indivíduo que falta a sessão, paga essa sessão, tendo ou não um motivo justo para tal. "

Para Zimmermann "As faltas freqüentes, denotam resistência e o começo do desmembramento do paciente do grupo."

3.3.6 - Pagamento

Nos grupos de Bustus, o pagamento é efetuado pelo grupo como uma totalidade, não podendo cada um pagar separadamente. Cada grupo decide como se organizar para fazer o pagamento. Essa tarefa é incorporada à estrutura dinâmica do grupo

Pagamento mensal, no final do mês. Pagamento igual para todos. Salvo exceções que devem ser bem trabalhadas.

3.3.7 - Férias

Zimmermann diz que se não coincide o mês de férias sugere outro terapeuta.

Loew y Figueira concluíram que pequenas férias durante todo o ano, mantém o grupo . Ferias maiores uma vez ao ano, leva a que deserções, faltas, mudanças de atividades, decisões são realizadas ao redor das férias.

3.3.8 - Consultas individuais

Sempre possíveis desde que se trabalhe o padrão de interação, as variáveis etc.

Zimmermann aceita atender individualmente, porém os pacientes sabem que devem dar conhecimento ao grupo, na próxima sessão, não somente do fato de haver tido uma consulta assim também como do seu conteúdo e os motivos que a determinaram.

O paciente será interpretado a nível individual, mas também como um emissário do grupo e então a interpretação também é para o grupo como um todo.

Para Victor Dias, qualquer membro do grupo tem o direito de solicitar sessões individuais quando quiser - não se sente à vontade para colocar algo no grupo , ou está em crise ou precisa de mais espaço.

3.3.9 - Sigilo

Necessidade de contratar, rever sempre e lidar com isso sem ingenuidade.

Para Bustus, uma limitação para a entrada em um grupo é o grau de responsabilidade do futuro integrante. O segredo do grupo é talvez o mais importante para construir a confiança dos integrantes. Quando uma pessoa tem uma história de atuações reiteradas não se constitui em um bom candidato para integrar um grupo.

Sobre sigilo, Victor Dias diz: " É importante que os clientes se concientizem da necessidade de manter sigilo do que acontece dentro do grupo, a fim de que se possa criar um clima de confiança, para que as pessoas se sintam à vontade para colocar coisas intimas que se colocadas num contexto social poderia trazer danos. O ser humano tem dificuldade de guardar segredo e como fica co-autor do que acontece no grupo, fica definido o seguinte: é terminantemente proibido identificar os companheiros do grupo (nome, idade, profissão, etc.) Dessa forma podem comentar os assuntos sem que se estabeleça a identidade das pessoas"

Zimmermann explica o seguinte sobre o sigilo : " Um problema de máxima importância no bom funcionamento da psicoterapia analítica de grupo é a discrição dos seus participantes.

O fenômeno da indiscrição ocorre com maior freqüência e intensidade no começo da psicoterapia, ou se reaviva em ocasião do ingresso de um novo participante. Trata-se como se sabe de um acting-out. Ainda que no plano manifesto seja geralmente uma atitude agressiva em relação às pessoas a que se refere o material transmitido, no plano profundo a agressão está dirigida principalmente ao psicoterapeuta.

Discutir nas entrevistas preliminares a "regra básica" de sigilo, é uma forma de prevenir as dificuldades . Na primeira oportunidade esclarece-se que apesar deste acordo ,é possível que aconteça ( por ansiedade ou etc.) certas confidências ou transmissão de material das sessões. Em tal caso, deverá trazer logo ao grupo, a fim de ser compreendido aquilo que está sucedendo, de forma a evitar a continuação."

3.3.10 - Quorum

Para Bustus, o número mínimo para começar uma sessão é quatro.

Para Victor Dias, o quorum é de 3 elementos para começar, e quem chegar pode entrar seja a hora que for. Se o quorum não se estabelecer em meia hora a sessão será suspensa e o grupo arca com ela financeiramente.

3.4 - Desenvolvimento das Sessões

3.4.1 - Partes da Sessão

É tarefa do terapeuta organizar e coordenar a sessão. Para mim, toda sessão (ou tarefa) tem uma abertura, um desenvolvimento e um fechamento. Em algumas sessões, acho imprescindível fazer um processamento (teórico ou relacional)

Abertura - é o aquecimento, o início da sessão, a parte social

Desenvolvimento - é a fase de dramatização, os acontecimentos, as técnicas, as tarefas de sessão.

Fechamento - é a fase dos comentários, das tarefas para pós sessão, síntese da sessão:

Processamento - é o comentário da sessão à distância para uma compreensão teórica e técnica. Para Bustos : " Essa etapa somente é usada para encerrar os grupos didáticos. Aqueles cujos membros estão fazendo formação de psicoterapeuta. Consiste em rever a sessão , uma vez finalizada, a partir do ponto de vista técnico. "

3.4.2 - Coterapia

É uma forma de trabalhar com grupos muito rica no começo do trabalho como terapeuta de grupo ( quando se esta formando o papel de terapeuta de grupo), em momentos especiais ou em trabalhos especiais.

As vantagens são inúmeras, feedback do trabalho, enriquecimento para o grupo e para os terapeutas, treinamento de aspectos pessoais, entre outros.

Mas é necessário ficar atento à certos aspectos :

- é importante que os dois terapeutas tenham a mesma formação técnica,

- é necessário que façam um contrato o mais claro possível com relação aos aspectos concretos do trabalho, $, encaminhamento de clientes, responsabilidade, deveres, direitos, etc.

- é importante que tenham a possibilidade de compartilhar dúvidas e dificuldades ,

- é importante que possam metacomunicar quando ocorrerem diferenças e dificuldades,

- é necessário que tenham a mesma supervisão ou orientação.

Riscos na relação da dupla : sabotagem, duplas mensagens

Impedimentos de trabalharem juntos: objetivos opostos, valores conflitantes

Zimmermann diz, sobre coterapia : "As interpretações devem ser feitas somente pelo terapeuta-diretor e não pelo ego auxiliar, porque é preferível que haja uma ordenação na linha a seguir. É preferível uma centralização do trabalho sobre o inconsciente. Pelo contrário, poder-se-ia criar uma situação caótica para o paciente, entradas fora do tempo ou apontar aspectos diferentes que podem confundir mais do que esclarecer."

Victor Dias salienta as seguintes vantagens da Coterapia:

- possibilita uma maior distância afetiva do diretor em relação a seus clientes, permitindo que este trabalhe num campo mais relaxado, preservando-se sua liberdade de ação e de percepção - distância terapêutica.

- possibilita uma maior interferência do diretor durante o desenvolvimento da cena psicodramática, tal como dar consignas, interpolar resistências, assumir o papel do duplo, etc.

- reparte com o diretor as cargas transferenciais do processo psicoterapêutico, podendo até substituí-lo na função de diretor.

- auxilia na parte dos comentários finais, dando principalmente o depoimento das vivências sentidas durante a dramatização, que muitas vezes passam despercebidas pelo terapeuta.

- possibilita ainda ao terapeuta um companheiro para discussão e avaliação de cada sessão e com isso, um melhor entendimento de pontos obscuros das dinâmicas individual e/ou grupal.

Segundo Bustus, "A equipe terapêutica assim constituída tem uma dinâmica particular ao funcionar como subgrupo, quando nos referimos à terapia de grupo. É importante que a relação dos componentes da equipe seja trabalhada por eles, já que caso contrário, criar-se-ia um centro produtor de tensões que poderia prejudicar o grupo."

3.4.4 - Contrato

"Liberdade é um componente essencial do contrato. Em verdade, não faz sentido falar-se de contrato entre pessoas que não sejam livres." Thomaz Szasz

Victor, trabalha assim o contrato:

Após a montagem do grupo cabe ao terapeuta estabelecer algumas regras mínimas para o funcionamento desse grupo. Aproveito para dar uma explicação do funcionamento do grupo. 3 regras fundamentais :

a - Sigilo - É importante que os clientes se conscientizem da necessidade de manter sigilo do que acontece dentro do grupo , a fim de que se possa criar um clima de confiança, para que as pessoas se sintam à vontade para colocar coisas intimas que se colocadas num contexto social poderia trazer danos. O ser humano tem dificuldade de guardar segredo e como fica co-autor do que acontece no grupo, fica definido o seguinte: é terminantemente proibido identificar os companheiros do grupo (nome, idade, profissão, etc.) Dessa forma podem comentar os assuntos sem que se estabeleça a identidade das pessoas.

b - Quorum - 3 elementos para começar, e quem chegar pode entrar seja a hora que for. Se o quorum não se estabelecer em meia hora a sessão será suspensa e o grupo arca com ela financeiramente.

c - Sessões extras - Qualquer membro do grupo tem o direito de solicitar sessões individuais quando quiser - por não se sentir à vontade para colocar algo no grupo , ou está em crise , ou precisa de mais espaço."

3.5 - Tipos de Grupo

Cada terapeuta vai montar seus grupos de acordo com suas necessidades, clientela disponível, preferências etc., mas cada grupo tem aspectos especiais.

3.5.1 - Quanto à clientela

Crianças

É um espaço para suprir o que a família deveria dar e não está podendo dar. (aprendizagens, trocas afetivas, jogos, movimentos etc.)

É essencialmente um trabalho lúdico, com enxertos "terapêuticos" na medida do possível, digerível, etc.

Adolescentes

O objetivo é auxiliar o adolescente a desenvolver suas tarefas com jovem que são - estudar (e/ou trabalhar), ter amigos, namorar, separar-se da família e preparar-se para ser um adulto autônomo e responsável.

Luiz Carlos Osório diz o seguinte sobre grupo de Adolescentes:

"A Psicoterapia de Grupo é a terapia de escolha na adolescência, por corresponder à natural inclinação dos adolescentes de procurar no grupo de iguais a caixa de ressonância ou continente para suas ansiedades existenciais. Através do interjogo de identificações projetivas propiciado pelo grupo terapêutico, pode o adolescente adquirir insight de aspectos de sua crise transicional, e melhor superar as vicissitudes peculiares e esta etapa evolutiva. Pela tendência grupal manifestada elos adolescentes , o grupo é a matriz dinâmica onde melhor podemos acompanhar e entender a expressão de seus conflitos, ensejando-lhes sua resolução dentro e pelo próprio grupo.

Indicações e contra-indicações.

As principais indicações são os quadros neuróticos em geral, bem como a denominada "crise adolescente" e suas exacerbações. Contra-indica-se para adolescentes com marcadas tendências psicopáticas ou paranóides e aos psicóticos em geral.

Dividimos os adolescentes em 3 subgrupos: - os púberes, (ou escolares de Segundo grau - 13 à 15 anos) - os adolescentes intermediários (ou pré universitários - 16 à 18 anos) e os adolescentes tardios (universitários /e/ou profissionais - 19 anos em diante).

Mais indicado grupos heterossexuais".

Outros grupos , quanto à clientela: adultos, gestantes, terceira idade, casais, pacientes somáticos, pacientes "terminais", alcoolistas, comunitários, com doenças ou disfunções orgânicas, institucionais, entre outros.

3.5.2 - Quanto ao tempo

Semanais/quinzenais

Eles praticamente se assemelham, sendo que nos semanais o tempo deve ser um pouco maior pois a parte de relatos sociais e do compartilhar a vida real precisa de mais tempo.

Maratonas

Cumpre a função de circular e compartilhar com mais pessoas. Tira a tendência de fechamento em si dos grupos pequenos e rotineiros.

Prolongadas

Adequadas quando se tem um objetivo claro, uma tarefa, um assunto para ser cumprido.

Bustus , diz sobre as prolongadas: "No sentido de lidar ou tornar obvias as resistências, pode-se alterar o marco temporal de uma sessão; quando o habitual é fazer duas horas, fazer 3 ou 4 periodicamente mobiliza de modo intenso".

Prazo delimitado

Define-se o começo e o fim do grupo. Indicado para trabalhar com finitude, para que as pessoas trabalhem mais efetiva e responsavelmente.

3.5.3 - Quanto ao conteúdo

Processuais

É um nome que dou aos grupos que se reúnem por longo tempo, semanalmente (pode ser também quinzenal - 3hs, ou mensal 6 a 8 hs) onde todos acompanham o desenvolvimento do processo de cada membro do grupo. Importante para lidar com aspectos familiares não resolvidos, questões edípicas, questões de caráter nas relações, rematrizamento etc.

Tarefa específica

São grupos que tem uma tarefa com objetivo a ser atingido, ou a ser desenvolvida. Por ex. trabalho mítico, trabalho corporal, aprendizagens específicas, etc.

3.5.4 - Quanto à organização

Aberto/Fechado

Para os processuais prefiro grupos abertos, para os de tarefas , ou especiais prefiro fechados.

Para Bustus: "Os grupos são semifechados. A incorporação de um membro deve ser admitida e elaborada pelo grupo."

Zimmermann trabalha com os dois tipos de grupo.

" Grupo aberto - quando se produz uma vaga , ela e preenchida por outro paciente.

Grupo fechado - os mesmos pacientes seguem no grupo inicial até o final do tratamento. Teoricamente se justifica porque a análise realizada é da "enfermidade grupal", o maior problema é a dependência que o terapeuta fica.

Quanto mais facilmente recebem um novo paciente, quanto mais o ajudam a integrar-se no tratamento, maior será o grau de maturidade do grupo e dos membros que o compõem."

3.6 - Técnicas

Não esquecer que a técnica deve ser um auxílio para atingir os objetivos, um facilitador do processo, etc. e não o mais importante da sessão.

3.6.1 - Intervenções verbais

3.6.1.1 - Intervenções coloquiais

Intervenção dialogal, informações que se proporciona, perguntas, confirmações. Engloba também as mensagens corporal emitidas pelo terapeuta , gestos, expressões usadas, atitudes corporais. Todas as informações que dão fluidez à relação : comentários, brincadeiras, informação solicitada ou proporcionada. Os aspectos coloquiais são o momento mais cheio e com maior valor terapêutico. Tomar cuidado com basear suas intervenções no "eu sinto" , faz parecer que certas intervenções do terapeuta são inspiradas em percepções "extra sensoriais" e nas quais tudo é válido porque "eu o sinto".

3.6.1.2 - Assinalamentos

O assinalamento implica em tomar uma pequena distancia. Trata-se de chamar atenção sobre condutas, um lapso, uma atitude que desperta dúvida ou enfatizar interrogativamente uma frase. Tem o objetivo de chamar a atenção sobre algum sinal que o paciente emite e que está sendo ignorado por ele. O autenticamente sentido, sempre encontra uma via de acesso à comunicação, sendo missão do terapeuta descobri-lo e simplesmente torná-lo manifesto. Para este fim reconhecemos na comunicação aspectos semânticos, sintáticos, afetivos e gestuais. O semântico corresponde ao significado correto de cada palavra empregada. o sintático corresponde à construção correta das frases. O afetivo ao tom afetivo adequado e o gestual ao acompanhamento harmônico dos gestos e atitudes corporais.

Um simples assinalamento dá ao paciente um indício do caminho a seguir , ao advertir a importância de um sinal, o terapeuta não o toma para elaborar uma interpretação, mas permite que seja o próprio paciente a seguir a pista.

A ênfase dos assinalamentos tem a ver fundamentalmente com nossa concepção ideológica da terapia : por nas mãos do paciente o máximo possível de elementos com os quais ele vá elaborando sua "cura".

3.6.1.3 - Interpretações

É a mais completa das intervenções terapêutica verbais. Trata de chegar a níveis aos quais o paciente não pode chegar por si mesmo. Quando chegamos a interpretação, estamos apontando especificamente aspectos desconhecidos pelo paciente, as motivações inconscientes de suas condutas.

Fiorini esclarece que toda interpretação deve ser, antes de tudo, oferecida como hipótese. Essas hipóteses devem ser oferecidas como possibilidades que ambos - terapeuta e paciente - poderão verificar, examinar, e se for necessário, descartar.

Na interpretação é de vital importância o quando, o que e como interpretamos. O quando, é fundamental, já que uma interpretação fora do tempo, tanto muito cedo como muito tarde, força à racionalização. O que está referido a quais mensagens que necessitam de interpretação. O próprio paciente traz elementos necessários para compreender que se torna necessária uma interpretação. O como é também fundamental. É importante que se empregue temos correntes, onde a interpretação não seja verbalização de teoria, mas uma abertura para um mundo compreensível. Em geral é preferível verbalizar a interpretação em potencial, desta maneira se oferece e não se impõe.

3.6.2 - Recursos Técnicos Psicodramáticos

Duplo

Espelho

Inversão de papéis

Solilóquio

Técnicas não verbais

Maximizar

Concretização

Interpretação a partir do papel

Intervenção direta do diretor

Imagens, música, dança

Dramatização de sonhos

Bustus diz o seguinte, quando fala sobre técnica:

O terapeuta pode interpretar, assinalar . A atitude do terapeuta pode ser tão espontânea quanto deseje : falar, dialogar, perguntar, "enfiar-se" no grupo o mais naturalmente possível, devendo conservar a elasticidade suficiente para dar um passo atrás quando achar conveniente. Também pode oferecer ao grupo alternativas dramáticas. A variação técnica introduzida com certa periodicidade permite a emergência de material que de outra forma não apareceria.

Quando fazemos uma proposta verbal, isto quer dizer que esperamos que os pacientes sintam e se expressem livremente, estamos hierarquizando uma via de abordagem do conflito : das duas possibilidades - afeto ou conteúdo ideativo - estamos preferindo o segundo, mesmo quando tenha uma profunda carga afetiva. Isto nos coloca em um marco onde o ideativo está privilegiado. É bom que , periodicamente, mudemos o ponto de abordagem e afetemos o corpo à comunicação, privilegiando suas mensagens. Não acredito que um caminho seja mais efetivo que o outro; acontece que existe um que se transforma no habitual assentando-se nas resistências. Estas resistências são muito úteis, já que nos indicam situações temidas, e, portanto, que encobrem uma problemática de difícil abordagem e que devem ser interpretadas, mas também é possível obviá-las mudando a forma de início. (Este mesmo sentido tem a alteração do marco temporal de uma sessão; quando o habitual é fazer duas horas, fazer 3 ou 4 periodicamente mobiliza de modo intenso.).

4 - Manejo de situações em Terapia de Grupo

4.1 - Confrontos

Não se deve fugir dos confrontos que surgem dentro do grupo, mas o terapeuta deve ter discernimento se aquele confronto trará aprendizagens, se é o momento etc. E trabalhar a partir do que ocorrer nos confrontos.

4.2 - Silêncios

Terapeuta deve trabalhar sua ansiedade com relação ao silêncio para ter discernimento de quando intervir ou não, quando é do processo ou é defesa, etc.

Winnicott foi um fascinado pelo mistério do silencio dos esquizóides e dos problemas de comunicação humana, a partir dos achados que fez sobre a comunicação fundamental, o que se passa entre a mãe e o seu bebê.

As luzes que nos trouxe Winnicott possibilita-nos perceber a multiplicidade de significados que pode ter o silêncio

4.3 - Situações impactantes

Se o terapeuta impactar perde a capacidade terapêutica. Se impactar deve lidar de forma que o seu impacto possa se transformar em elemento terapêutico.

4.4 - Perdas/ mortes /crises

Idem situações impactantes.

Bustus, diz : "Quando um cliente está somente em terapia grupal e entra em uma crise por algum acontecimento importante, tal como a morte de um familiar, separação, etc. aconselhamos a retomar sua terapia individual além da grupal. Em geral, o grupo responde positivamente a uma necessidade de centralizar a atenção em um dos seus membros durante uma ou duas sessões; mas se se estende a mais, perturba seu funcionamento."

4.4 - Saídas e entradas

Discernimento , nada em excesso. Nem trabalhar demais as entradas e saídas e nem fugir de trabalhar. Usar como elemento de aprendizagem.

Bustus diz: "Os grupos são semifechados. A incorporação de um membro deve ser admitida e elaborada pelo grupo. Em geral vão se dando entradas e saídas, mas em alguns casos os grupos começam e terminam um ciclo juntos. Quando se considera que a "vida útil" de um grupo terminou, procede-se à dissolução do mesmo com a redistribuição ou "alta" de seus integrantes".

4.5 - Ansiedades/defesas do grupo

Discernir entre ansiedades e defesas de processo e de empacamento.

Para Bustus : "Quando um paciente entra em um grupo, leva um objetivo consciente (o desejo de mudança) e outro inconsciente (achar um lugar onde estão todos os elementos de que necessita para sua felicidade, e mantê-lo sem alteração). Essas resistências à mudança estão potencialmente em todas as pessoas, e muito maiores em quem está em conflito. O grupo amplifica estas situações. Criam-se papéis fixos ou atitudes de falso acordo, com os quais o grupo trata de controlar a mudança e o passar do tempo. O desconhecido é evitado por ser o mais profundamente temido, a repetição é sempre a forma de evitar esse perigo. O desenvolvimento de papéis complementares fixos, a criação de "casais", as defesas de ataque e fuga, o depósito de agressão no "grupo" considerado como elemento abstrato, a fantasia de grupo-eterno, são algumas outras formas de defesa que aparecem no grupo.

Ao emergir mais claramente na atitude geral do grupo, permite uma abordagem de forma mais clara.

4.6 - Patologia do grupo

Sabemos que o grupo tende a transbordar para fora ou para dentro . Estas duas possibilidades do grupo dirigidas para controlar a mudança temida, são o que Fontana chama psicopatia de grupo (quando tudo está posto fora) e psicose do grupo (quando todas as referências são para dentro).

4.7 - Papéis enrijecidos

Cuidar e avaliar sempre a cristalização de papéis, funções e funcionamentos repetitivos. O que é terapêutico num momento pode ser compulsivo e inadequado noutro. Isso tanto para os clientes como para os terapeutas.

4.8 - Surtos

Lidar como um acontecimento terapêutico, abrindo a possibilidade para fazer diferente. Não esquecer dos cuidados necessários : nem assustado, nem ingênuo.

Bustus, sugere que, se dentro de um grupo, alguém entra em um período psicótico, elabora-se até comprovar a persistência do quadro, e se não melhorar tirasse-o do grupo por um tempo, reforçando sua terapia individual.

 

Bibliografia

I-Psicoterapia Analítica de Grupo - David Zimmermann - Ed. mestre Jou - São Paulo -1971

II-Psicodrama- Teoria e Prática - Victor R. C. Dias - Agora - São Paulo - 1987

III-Experiências com Grupos- W. R. Bion - Imago Editora - Rio de Janeiro -1970

IV-Psicoterapia Psicodramática - Dalmiro Manuel Bustus - Editora Brasiliense - São Paulo -1979

V-Grupoterapia - Hoje - Luiz Carlos Osório e colaboradores - Artes Médicas - Porto Alegre - 1986

VI-A Ética da Psicanálise - Thomas S. Szasz - Zahar - Rio de Janeiro -1980

VII-Cambio de Juego - Terapias, Grupos, Sistemas - Loew y Guillermo Figueira - Editorial B & C - Buenos Aires - 1981

VIII-Psicoterapia de Grupo e Psicodrama - J.L. Moreno - Mestre Jou - São Paulo - 1974

IX-Psicodrama - J. L. Moreno - Cultrix - São Paulo - 1975

X-El Aparato Psíquico Grupal - Construcciones de Grupo - René Käes - Granica Editor -

Barcelona - Espanha - 1977

XI-De la Família al indivíduo-La diferenciação del si mismo en el sistema familiar

Murray Bowen - Paidós - Barcelona- Espanha - 1991

XII-Psicodrama da Loucura - José Fonseca Filho - Agora - São Paulo - 1980