TERAPIA SISTÊMICA INDIVIDUAL
Solange Maria Rosset
Agosto de 1997.
O referencial da Terapia Sistêmica em sua origem, era direcionado exclusivamente ao atendimento de famílias. Com o desenvolvimento teórico, técnico e clínico, a abordagem sistêmica foi se reestruturando para também compreender e atender clinicamente o sistema individual.
1. Foco
A Terapia Relacional Sistêmica Individual, segue todos os pressupostos teóricos/técnicos/clínicos da Terapia Relacional Sistêmica, enfocando o indivíduo como um Sistema em relação.
No processo de vida o indivíduo necessita tomar consciência do seu funcionamento e suas dificuldades (ou problemas), para poder desenvolver um programa de mudanças, e assim ter como treinar os novos comportamentos/atitudes/sentimentos.
O foco da Terapia Sistêmica Individual é o processo de autonomia, que engloba o pertencer/separar-se, o desenvolvimento da consciência, das escolhas e responsabilidade; a mudança das pautas disfuncionais, adquirindo um número maior e mais rico de estratégias de funcionamento.
2. Teorias que a fundamentam
A base de fundamentação deste enfoque é a compreensão e leitura sistêmica que definem o indivíduo como um sistema (e dependendo da ótica, um subsistema) e portanto pode ser estudado e visto terapeuticamente com todo o referencial técnico e clínico das Terapias Sistêmicas.
As teorias Psicodramáticas de Núcleo do Eu e de Matriz de identidade são usadas como base na compreensão do desenvolvimento, das relações e do funcionamento,, bem como a Teoria de Análise e Formação de Caráter da Terapia de Energia Corporal.
O foco na importância da relação terapêutica se dá pela questão relacional do enfoque Psicodramático e pela compreensão sistêmica da Segunda Cibernética.
A programação de sessões e acompanhamento de processos é orientada pela teoria de Sistemas Terapêuticos. Também têm a mesma fundamentação a postura básica de que a responsabilidade do processo é do cliente e de que o foco da Terapia é a mudança.
A nível técnico, são usadas as intervenções, a instrumentação do tempo, e as tarefas da Terapia Sistêmica, incorporando também o instrumental técnico psicodramático e a compreensão energética do funcionamento com as técnicas específicas.
3. Semelhanças e diferenças de outras linhas
A Terapia Relacional Sistêmica Individual tem pontos em comum com as terapias de ação, que compreendem a sessão como um espaço/tempo terapêutico, onde ocorrem fatos e relacionamentos que possibilitam ao cliente viver situações reais, ter modelos, reviver situações via ação, perceber-se na interação, entre outros fatos terapêuticos.
As diferenças se apresentam em função de que o foco do trabalho é na mudança e na aprendizagem de novas pautas de funcionamento, e para isso é necessário que o cliente tenha pertinência e responsabilize-se pelo processo.
4. Enquadre do atendimento clínico
A escolha de sessões, tempos, tarefas e outros encaminhamentos são definidos a cada um dos momentos do processo em função das aprendizagens/mudanças que o indivíduo necessita e que é pertinente realizar.
Trabalho clínico se realiza pela não priorização do sintoma, mas sim da mudança e da aprendizagem de novos padrões de relação. Com isso não se isola o sintoma ou a área sintomática do contexto mais amplo da pessoa e das relações.
As intervenção consideram e rearranjam as relações entre o indivíduo e os outros e do indivíduo consigo mesmo, sendo a própria relação com o Terapeuta, modelo de mudança.
Trabalha-se com a identidade familiar e a identidade pessoal nas vertentes do pertencer e do diferenciar-se e nas questões relacionadas com os Mitos Familiares.